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Jundiaqui

22 de agosto de 2017

Nogueirinha

Por Carlos Pasqualin 

Nogueirinha, dez ou onze passos da Barbearia de Afrânio, traga seu charuto e se prepara para o que seria seu fim.

Dobra a “Esquina Verde”, apelido cuidadoso dado por moradores antigos, motivo desconhecido.

Se depara com Laura sendo levemente acariciada no pescoço por um desconhecido, pescoço aveludado, mãos de gorila, coberta de cabelos másculos.

Dentro do lapso nervoso e antes que um derrame ou infarto tome conta de sua existência se joga sobre a dupla de traidores… na queda o desconhecido desaparece no alto da ladeira.

Nogueirinha num ímpeto majestoso, com as mãos de doutor, sem pelos aparentes, sufoca com força a moça, aperta seu pescoço aveludado.

Ouvem-se gemidos e palavrões, outro gesto assistido é ao mesmo tempo do estrangulamento, beijos. Sim, Nogueirinha beija Laura ao mesmo tempo em que a profana com palavras de baixo calão e a estrangula.

Polícia. Nogueirinha se entrega com ares de felicidade. O corpo de Laura aguarda o serviço de recolhimento.

Do desconhecido só restou, segundo enfermeiras do plantão, o bom cheiro na nuca da vítima, o perfume do amante.

Carlos Pasqualin é ator e diretor de teatro

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