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Jundiaqui

 Os corações de Marcelo Camunhas
24 de dezembro de 2018

Os corações de Marcelo Camunhas

Em suas obras ele pintou muitos, de tamanhos, formatos, cores e significados diferentes. Agora, seu coração, o de sangue, já não bate mais

Cláudia Bergamasco

Marcelo Camunhas vestia uma camiseta estampada com um coração na primeira vez que o vi. Era uma entrevista sobre uma de suas exposições aqui para o Jundiaqui, em 2016. Em suas obras ele pintou muitos corações. De tamanhos, formatos, cores e significados diferentes. Por ironia do destino, o coração, o dele, parou de bater na noite desta sexta-feira, 21 de dezembro.

Estranhamente eu acordei por volta de 2h30 da manhã e não consegui mais dormir. Era mais ou menos meio-dia e meia quando um amigo comum, o Marco Antonio André, ligadíssimo profissionalmente em artes, me deu a notícia.

O choque me arrepiou e as lágrimas vieram em cascata, assim como tudo o que havíamos conversado durante o breve tempo que tivemos juntos. É muito difícil falar de alguém de quem você gosta e admira muito profissionalmente e pessoalmente. Eu não só gosto de sua obra como gostava dele, como pessoa, uma das mais doces e inteligentes que eu tive como amigo.

Falei com Marcelo pela última vez no dia do enterro da nossa querida ceramista Angelina Zambelli, no dia 7 de novembro deste ano. Falamos justamente que devíamos aproveitar ao máximo porque a vida é curta demais. Jamais, em momento algum, poderia imaginar, nem em sonho, que o perderíamos tão pouco tempo depois e tão, tão, jovem.

Marcelo era um garoto ainda, mas tinha alma velha, de quem sabia muito, de quem já havia vivido outras muitas vidas. Era quieto, preferia escutar a falar. Uma doçura e uma gigantesca sensibilidade. Tudo isso está refletido em suas obras.

Não há o que dizer. Não mais. O choque, a tristeza, a dor, a sensação forte de injustiça divina calam. Na verdade, prefiro pensar que ele nos passou uma rasteira e foi comemorar o aniversário de Jesus lá em cima, com ele.

Aprendi com Marcelo que um desejo constante de se surpreender com o mundo cotidiano tem o poder de deixar cada momento de nossa vida muito mais rico. Espero que ele tenha conseguido passar esse sentimento para muitas outras pessoas.

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