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Jundiaqui

 Sem dizer adeus
19 de fevereiro de 2019

Sem dizer adeus

Tic, tac, tic, tac… Adélia estava por um fio, a psicoterapia não ajudava, os problemas se avolumavam e o tempo rareava, escreve Cláudia Bergamasco

Cláudia Bergamasco

Glória chegou atrasada. Pegara trânsito dirigindo seu SUV de luxo em direção ao seu consultório de psicoterapia com paredes envidraçadas abraçadas por jardins executados por um paisagista de renome, assim como a casa que mandara fazer por um arquiteto da moda, decorada de forma requintada, ainda que clássica e minimalista. Adélia a estava esperando havia uns 10 minutos. Sua secretária, Ariela, já a conhecia bem e a deixara entrar. Adélia sentou no confortável sofá de linho cinza claro da sala de espera iluminada pela grande pele de vidro que deixava à mostra o belíssimo jardim assinado. Havia mesas de centro e de canto, luminárias, objetos de arte, tudo de grife, e tapete de uma estampa que lhe pareceu persa embaixo de outro, liso, menor, de cor neutra e pelos longos.

Não demorou muito e Glória entrou pela imensa porta pivotante vestindo uma saia lápis cor pasta de pistache, cinto fino de verniz verde oliva, camisa de cambraia de linho cor creme de manteiga e calçando um de seus sapatos Louboutins bicolor – Glória era dona de uma invejável coleção de sapatos e bolsas Louboutin e Jimmy Choo cujo preço somava, fácil, o salário anual de uma executiva de multinacional bem-sucedida.

– Perdão, Adélia, o trânsito… Está me esperando há muito tempo? Perdão…

– Não, não muito.

– Ariela, a nossa sala está pronta?, perguntou Glória à secretária, que se sentava numa cadeira Herman Miller último tipo atrás de uma grande mesa de grosso vidro.

– Sim, está. Já arrumei tudo.

– Vamos, Adélia?

Ambas se dirigiram a uma sala fresca, igualmente minimalista e igualmente elegante, como Glória, e como seu consultório.

– Então… Soube que você… Você…

– Sim, eu não estou bem de novo, Glória. Minha vida tem sido… Como eu posso descrever… Um tanto conturbada. Robustamente conturbada.

– Já falamos sobre isso várias vezes, Adélia…

– Sim, já falamos muitas vezes sobre isso e vamos falar muitas outras vezes sobre isso, Glória. Estamos em terapia, esqueceu?, disse Adélia irritada. E se estou em terapia é porque não estou bem, pode entender isso de uma vez por todas e não me fazer perguntas que me deixam ainda mais irritadas, por favor, disse, soltando o ar quente e fundo vindo dos seus pulmões palpitantes.

– Adélia, hoje você está mais cortante e impaciente do que na última sessão. O que houve?

– Oras, você sabe… Quanto mais você sabe mais difícil fica sua vida, seu ofício, suas relações, sejam elas quais forem.

Houve um breve silêncio. Glória olhou profunda e seriamente para Adélia. Sabia que ela se sentia mal porque, entre outras coisas, estava desempregada, embora tivesse um currículo impecável, e que os medicamentos que havia receitado não estavam mais fazendo o efeito desejado.

– Você poderia explicar melhor a sua colocação?, provocou.

– Ah, não vem com essa. Você me conhece há quatro anos e há quatro anos você sabe tudo o que me aflige. Tudo.

– Se você quiser falar de novo… Estou aqui para lhe escutar. É o meu trabalho…

– Glória, você sabe que estou desempregada, que pareço mais velha do que gostaria, que estou sozinha, que estou sendo vítima de crimes cibernéticos e que um dia eu amei.

– Eu gostaria de ouvir mais sobre “um dia eu amei”. Você pode me falar sobre essa questão?

Adélia bufou, deu um rodopio com a cabeça, respirou fundo e soltou o verbo.

– Toda mulher apaixonada é burra. Burra e cega, surda e muda. Eu fui burríssima e ceguíssima; surdíssima e mudíssima. Eu o amei, amei, amei, amei como nunca tinha amado homem nenhum. Eu senti tudo o que fiz, tudo o que vivi com ele e tudo fazia sentido, porque na época, naquele instante em que o vi na redação daquele jornal numa tarde de um dia de semana que eu já não lembro, eu o encontrei e senti como… Como se eu estivesse perdida a minha vida toda, como se por toda a minha vida eu tivesse separada dele e, finalmente, naquela tarde daquele dia dos meus 24 anos de idade, eu o encontrei, eu o reencontrei, porque era isso: um reencontro, um alívio, finalmente. Por isso eu vivi: para encontrá-lo. Naquela tarde, daquele dia dos meus 24 anos de idade. E seria, na minha cabecinha jovem burra e cega e surda e muda, para sempre. Não foi assim, claro. Nem em sonho foi assim. Agora, passadas tantas décadas, eu ainda o amo, apesar de tudo de ruim, de muito ruim que ele me fez, mas eu devo, eu preciso ir-me embora à francesa – se é que você me entende. Não por ele, mas por mim mesma, pelo conjunto das coisas que estão acontecendo e que eu simplesmente não consigo resolver.

Adélia falou rápido, encavalando palavras e pensamentos, estava visivelmente inquieta. Suava um pouco apesar do ar-condicionado central e balançava seu corpo para frente e para trás enquanto se exprimia.

Glória cruzou e descruzou as pernas algumas vezes enquanto Adélia botava seus bofes para fora. Deixou-a falar sem interromper.

Adélia continuou:

– Gostaria que meu passado não me dissesse mais respeito. Mas não consigo, disse, lamentando que seu tempo decorrido, amadurecido e amarelado como uma fotografia velha, voltava mesmo nos momentos mais banais do seu dia, todos de forma perniciosa.

Havia uma picardia nesse processo. Como quando estava varrendo o chão do seu apartamento de mobília barata, ou no ponto de ônibus, na fila do correio, esperando o sinal de trânsito abrir para atravessar a rua, ouvindo rádio, ao tomar seu café da manhã com seu gato rajado cinza e branco roçando seus pés, ou no caixa da padaria.

Ela explicou que conseguiu alcançar uma certa neutralidade para se proteger. Ou mandava tudo à merda ou rezava para que tudo ficasse bem ou as duas coisas juntas. Nenhuma nem outra coisa dava resultado, mas ela respirava fundo, encontrava um “equilíbrio” e repetia como um mantra que tudo aquilo iria acabar logo.

– Adélia… Sempre haverá problemas. Basta você escolher com quem quer enfrentá-los.

– Putz, não acredito que você, psicoterapeuta com especialização no exterior, está me dizendo esse clichê barato e besta. Vê se enquadra, doutora! Agora só falta você dizer: adivinha, a vida é cheia de dor e surpresas, a vida não é justa, a vida é problemática… Pelo amor de Deus, eu não lhe pago uma fortuna para ouvir essas baboseiras!

Adélia é uma paciente difícil, mas de enfadonha ela não tem nada. Cada sessão é como uma bomba relógio: ou ela consegue um equilíbrio, uma análise límpida e impressionante sobre sua própria situação de vida; ou explode. As duas coisas podem acontecer na mesma sessão. É uma mulher de meia idade boníssima, inteligentíssima e que está passando por um período dificílimo. Glória tinha que ajudá-la a superar essa situação, era sua função, seu trabalho. Além do mais, ela se apegou à Adélia. Não devia, mas aconteceu. Gosta dela e realmente quer ajudá-la.

O feedback que acabara de receber doeu, mas Adélia estava certa. Glória sentiu-se sufocar, ao mesmo tempo em que percebeu em Adélia um abalo emocional imenso, como se ela tivesse sido fuzilada, estrangulada, estuprada, levado choques, cacetadas, porradas… Um cristal partido em milhões de pedaços que parecem impossíveis serem colados e se tornarem novamente uma bela peça, como a bela mulher que fora. Por tantos percalços e sofrimentos cabeludíssimos pelos quais ela passou – e ainda passa – em sua vida.

– Esqueça o passado, mulher, mitigue essa dor, apague, deixe ir embora, esqueça de vez! Foi um mergulho no ventre das trevas, esqueça tudo o que passou, já passou da hora! Eu já disse isso a você e vou repetir à exaustão: esse homem, essas situações que você viveu e está vivendo são completamente sem sentido. Não valem um pingo de lágrima sua. Você não pode deixar que isso te domine. Não pode! Relaxe um pouco. Só um tantinho assim, por favor, faça um esforço, faça um favor a você mesma!

– Glória, a vida é injusta, sim, cheia de quinas e esquinas. Eu caí um milhão de vezes, me machuquei, muitas vezes bem feio, achei que não mais me levantaria. Aos poucos fui tomando pé de mim mesma, checando cada parte do meu corpo, da minha alma, das minhas memórias mais febricitantes, como quando estive com ganas de arrumar um homem, magro ou rotundo, tanto fazia, só para mim, desde que fosse generoso, carinhoso, que gostasse de conversar, de ouvir e ser ouvido. Que eu amasse e que me amasse. Nunca achei tal homem. Quando a idade chega, quando a gravidade já se apodera indelevelmente do seu corpo, quando você não tem dinheiro, quando, principalmente, a sua alegria virou pó, quando a sua vontade de viver e realizar vão para o espaço, nada mais há para se fazer. Vivo um redemoinho que me suga para baixo. Além disso, não suporto falsidade e mentira. E são essas coisas, entre outras, que tenho encontrado, para a minha surpresa e desagrado.

– Quer saber o que eu realmente acho, Adélia, disse Glória saindo da sua passividade típica e levantando a voz de forma agressiva. Acho que você construiu enormes, imensas e grossas barreiras, muros altíssimos e fechou os portões com zilhões de chaves e correntes. Assim você se segura e se sente supostamente segura. Como uma boia. E recorre a essa mesma boia para fazer a única coisa que lhe resta: fazer bicos por migalhas. Você se vende para ganhar migalhas porque não suporta a ideia de encarar seus demônios interiores. Você tem vergonha de seus biscates, é egoísta, fraca, medrosa e cagona. É isso o que você é, uma grande cagona!

Glória passa seu antebraço na testa suada sabendo que ultrapassou os limites como médica. Sua ambição de cura/ajuda como psicoterapeuta excedeu muito a realidade. Ela e sua paciente tiveram bons momentos, mas agora ela não sabe se a relação médico-paciente ainda vale a pena. Glória força um sorriso e pede desculpas.

Silêncio.

– No meu sono mais profundo sou frequentemente assaltada por terrores sem face. Nem sempre. Menos que antes, mas ainda. Trinta anos depois, ainda.

Glória se recompõe e se surpreende com a atitude e a frase de Adélia. Talvez fosse melhor ficar em silêncio. Alguém, lembrou Glória, escreveu que o silêncio pode ser mais eloquente que palavras. Talvez ela seja capaz de deixar mais claro o mergulho dessa mulher na fantasia, na fuga para o delírio capaz de apaziguar a agonia insuportável e as humilhações por que passou e ainda vem passando de uma forma dolorosamente consciente e, talvez, irreversível. Mas não sabe, honestamente, se é capaz. Não se sente capaz como psicoterapeuta. Adélia acendeu um pavio difícil de apagar em Glória.

– Adélia, esses sonhos… Talvez não signifiquem nada… Talvez sejam… Apenas… Os seus adversários internos… Os adversários internamente, entende? Eu também tenho os meus demônios…

– Você não entende nada, Glória. Até ontem, até quatro anos atrás, você me deu suporte, me ancorou, me ajudou a superar muita coisa por meio do conhecimento de mim mesma. Hoje você e seus Louboutins enjoados, suas roupas de grife, seu marido de grife, sua casa de grife lhe embotaram a cabeça, os pensamentos, o conhecimento. Já não consegue analisar direito o que a gente fala, o que a gente sente lá no fundo. Ao contrário, a gente faz uma análise melhor de você mesma do que você faz de seus pacientes. Está errado. Você precisa mudar, se olhar no espelho, disse uma Adélia confiante como Glória jamais havia visto ou ouvido. Naquele momento, ela se mostrava entusiasmada, havia uma vivacidade grosseira em sua voz, em seus gestos. Ela parecia, pela primeira vez, uma figura fascinante, vigorosa e, talvez, por todas essas coisas juntas, uma mulher completa e totalmente atraente. Glória achara que Adélia percebeu, achou que ela sabia o quanto Glória a estimava.

Adélia calou-se e, chorando, pediu desculpas. Ela precisava desabafar de alguma maneira, não queria atacar sua terapeuta. Glória estendeu-lhe uma caixa de lenços de papel, mas permaneceu em sua poltrona de linho cinza confortável, de espaldar alto e braços largos, pernas cruzadas, o vermelho característico das solas Louboutins gritando para Adélia. Glória abaixou a cabeça e também chorou. Baixinho.

As duas ficaram em silêncio por um bom tempo. Ambas pensando na vida que levavam.

Adélia procurava tanto o que sempre quis, procurava tanto, mas sempre retornava ao seu quarto escuro carregando muita tristeza. Sempre reprimia sua dor, ou quase sempre, mas tinha mesmo muita vontade de gritar para o mundo ouvir que ela existia. Sentia-se invisível para o mundo e sem propósito algum. Sentia extrema indignação por tudo o que estava ocorrendo em sua vida e não sabia quem estava lhe fazendo tanto mal nem porquê. Só sabia que esse alguém, totalmente desconhecido para ela, estava lhe dificultando enormemente a vida, trazendo imensos inconvenientes, todos relacionados a crimes cibernéticos.

No consultório ainda, sentada na poltrona chique, fazia elucubrações silenciosas:

“Esse alguém me trata como palhaça. Provoca transtornos sem limites. Se eu estou depressiva, esse pacote de problemas do qual sou alheia dos motivos, aumenta ainda mais minha depressão. Minha autoestima vai ralo abaixo, me sinto um lixo, não sinto vontade de nada e as dores e a zonzeira e os desmaios acontecem com muito mais frequência. Vingança? Nunca! Sou da paz, não sou capaz. Um dia toda mentira vêm à tona. Saberei quem está me fazendo mal e porquê – se der tempo.”

“O que de fato permanece em nós? O que somos? Por quanto tempo ainda existirei e por quanto tempo ainda existirei na memória das pessoas, desse alguém que me quer tão mal? Alguém vai se lembrar de mim, Adélia se pergunta. Quem se lembrará de mim? Quantos meses, quiçá, anos mais vou conseguir sobreviver nessa vidinha de merda que levo? Mais do que gostaria? Mais do que consigo suportar?”

“No fundo, é melhor que eu afunde no sonho, continuava a elucubrar Adélia. No sonho e no sono profundo, esquecer tudo, descansar para sempre, estou exausta demais para viver.”

“A única saída possível é, de madrugada, me enrolar num edredom velho, tomar um monte de comprimidos e me aboletar lá fora, perto da piscina da casa de mamãe para não fazer sujeira dentro de casa. Mamãe não gosta de casa suja. As contas estão pagas, os documentos estão prontos, assim como as instruções para a minha passagem e todas as minhas senhas de internet. Todas estão hackeadas, mas aí alguém vai cuidar disso.”

“Não haverá de haver problemas. Tudo vai correr bem. As pílulas… Ah, elas vão me fazer virar uma estrela brilhante, dourada, no céu, ô se vão. Vou apagando aos poucos. Primeiro minha mente, depois o corpo. Não sentirei nada. Vai dar tudo certo, porque a mulher que fui acabou. Esta que resta não é nem um fiapo daquela que eu fui. Tão sem brilho, tão, tão triste, tão sem alegrias… Tão… Sem nada. Nada.”

Ainda em profundas divagações, Adélia continuava suas indagações em profundo silêncio: “O que sobra de nós, afinal? A sombra do que fomos? O arremedo do que fomos? A caricatura do que fomos? Que tristeza! Melhor partir. Porque eu grito e não sou escutada. Nunca mais fui escutada nem entendida nem muito menos amada. Agora sou ignorada, exceto por esse alguém que comete crimes cibernéticos contra mim. Uma tristeza sem limites. Uma mulher sem dignidades, solitária. Meu pai, se soubesse de tudo isso, teria vergonha de mim. Meus parentes nem me reconhecem na rua, nunca me telefonam – e eles sabem que não tenho mais nada.”

– A dor esposou minha luz, minha alegria, afirmou Adélia em voz alta, mas Glória não lhe deu ouvidos, tamanho o transe em que se encontrava.

“O tempo das viagens para a Europa se foi, assegura Adélia em seus pensamentos. Sobrou a laje, a lápide, ou a jarrinha aonde vão me depositar em forma de pó para eu ser jogada no pé da árvore que eu mesma plantei no jardim da casa de mamãe e como é meu desejo. Porque é preciso esquecer. Esquecer as dores, as humilhações, descansar. Eu estou tão cansada, meu Deus, como estou cansada. E zonza. Tão zonza que eu desmaio. Melhor desmaiar e não acordar. Glória não precisa saber de nada disso. Ninguém precisa saber de nada disso.”

“O desalento, o desprezo, a indiferença, os desentendimentos constantes, a mesquinhez, o não dar o braço a torcer para dizer: você está certa… Não quero mais ninguém me incomodando com pensamentos tacanhos e atitudes idem.”

“Ahhhhhh….Deixa estar. O mundo é uma bola; um dia você está por cima, outro você está por baixo. Por isso o momento é perfeito, embora eu acredite que muita gente vá rir, debochar da minha morte. Vão dizer que eu era e sempre fui louca e blá, blá, blá, blá… Dane-se.”

Glória, em seu transe, esquecera-se de Adélia, esquecera-se que estava em consulta e refletia um zilhão de coisas a respeito da sua própria vida e do seu ofício.

“Somos o que somos ou somos o que lembramos o que fomos? Somos feitos das recordações do que fomos, do que vivemos, do que lembramos que vivemos? Às vezes, o esquecimento é um alívio, como seria para Adélia. Eu, por exemplo, devia esquecer que me casei com um homem rico, que me veste como uma boneca, e estudar mais, prestar mais atenção nos meus pacientes, me dedicar mais. E se um deles comete suicídio? Adélia… Adélia… Ela pode… Deus do céu…. E o meu casamento, os compromissos, as dúvidas, as dívidas, o cansaço, a pressão para ter um filho, a alegria por vezes, a tristeza por vezes, o inesperado, o inesperado êxtase, a tamanha esperança, o desencanto, o desespero, o inoportuno, o susto, as mágoas, as coisas insuportáveis que temos que suportar para manter o status quo…”

De súbito, Glória levanta o rosto, olhos vermelhos e úmidos, e diz:

– Adélia, não machuque aqueles que te amam, como eu. Eu posso dissuadi-la a não fazer o que você pode se arrepender, o que pode não ter volta, não posso? Para tudo há uma solução. Ou várias. Vamos falar sobre isso. Amanhã você vai acordar para a vida e dar graças a Deus por estar viva. Quero que você venha aqui amanhã sem falta. Eu preciso que você venha, eu quero que você venha. Venha por mim.

– Glória, eu sinto, mas temos que encerrar. A partir da semana que vem não venho mais. Tomei uma decisão e é irreversível. Você receberá todas as sessões até hoje. Obrigada por tudo.

Adélia levantou-se e saiu do consultório decidida. Nada nem ninguém a deteria.

Tic, tac, tic, tac…

Claudia Bergamasco é escritora

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