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Jundiaqui

 Sua presença
19 de março de 2022

Sua presença

Uma taça de um bom vinho tinto e o pensamento voa até paragens impossíveis, elocubra Cláudia Bergamasco neste texto

Cláudia Bergamasco

Toda vez que abro uma garrafa de vinho, encho minha taça de cristal até pouco mais da metade e tomo aos golinhos, degustando cada milímetro desse precioso líquido. Penso em você, na sua boca, seus lábios, seus beijos. Devagarinho, assim como a degustação do vinho, sinto sua língua passeando delicadamente pelos meus lábios, minha língua, me tomando de supetão entre seus braços másculos, dourados pelo sol das férias.

Eu me deixo levar por esse beijo, esse abraço que me conforta e me dão extremo prazer. Largo meu corpo molinho nos seus braços só para você me pegar, me carregar no colo e me deitar entre suportes macios e cheirosos, onde você pode me acariciar delicada e constantemente até os dois não aguentarem mais o desejo que se anuncia desde o primeiro gole.

Você sempre sabe do que gosto e como. Das suas mãos gordinhas, unhas curtas, passeando pelo meu corpo branco e desprovido de pelos – apenas uma faixinha na beirada da entrada para o céu. Você pega meus cabelos, acaricia meu pescoço, dá beijinhos e mais beijinhos na minha nuca, morde, fala umas coisas e eu deliro. Gemo, tremo de prazer, uma sensação incomensurável, inigualável, que nunca ninguém me proporcionou.

Busco sua boca, mais do seu beijo, arranho suas costas, seu corpo contra o meu. Sinto seu peso, que me dá mais prazer. Você e eu estamos prontos. A tampa da garrafa de prosecco está pronta para explodir, mas a gente segura para prolongar o quanto possível essa sensação maravilhosa de amar, de degustar as borbulhas de prazer.

Por fim, o vinho termina na minha taça, eu olho para a garrafa e penso em você. Sirvo mais dois dedos para mim, sozinha, rodo a taça de cristal na minha mão, fixo meus olhos na cor tinta do tinto sul africano e respiro fundo. Tomo mais um gole e penso em você longe, nem de longe pensando em mim. Jogo a cabeça para as costas da cadeira e suspiro, fundo, de novo.

Chocolate. Pego um bocado de brigadeiro de colher bem feito e tento satisfazer o desejo de doce que o vinho trás, assim como os seus beijos, os seus abraços, suas carícias, sua presença volatizada.

Claudia Bergamasco é escritora

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