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Jundiaqui

 “Vício e Belleza” só para eles ou só para elas
26 de setembro de 2019

“Vício e Belleza” só para eles ou só para elas

Vivaldo José Breternitz resgata uma história que se passou em Jundiahy há 90 anos

Vivaldo Breternitz, do blog Jundiahy Antiga

Em 29 de julho de 1929 aconteceu algo inusitado em Jundiahy (assim era garfado o nome da cidade): o Cine Ideal, situado à Rua Rangel Pestana – demolido e hoje com o terreno incorporado à sede do Grêmio C.P. -, exibiu um filme só para senhoras. Já o Cine República, hoje uma igreja evangélica em Vila Arens, e o Polyteama, também no Centro, exibiriam o mesmo filme, mas em sessões só para homens.

O filme era “quente”, a ponto de a imprensa recomendar a presença da Polícia e do Juizado de Menores para “evitar abusos de alguns moços durante a exibição…

O filme era “Vício e Belleza”, produzido em 1926, com argumento de Menotti del Picchia, enfocando os problemas das drogas e doenças sexualmente transmissíveis, objeto de muita preocupação na época.

Esse filme deu início a uma série de outros mais “ousados”, que obtiveram sucesso comercial.

Enfocava a “degeneração” urbana, a vida boêmia dos cabarés, com seus esplendores e “vícios elegantes” e a dissolução das tradições, temas explorados pelos folhetins, cinema e rádio, ao narrar os novos costumes da modernidade.

Dentre esses “vícios elegantes”, estavam o uso de drogas como cocaína e morfina, além do mundo das “róseas illusões da juventude, seguidas das suas funestas consequências” – alusão velada à liberdade sexual.

O filme prometia trazer aos jovens “ensinamentos de grande valia, que só a dura experiência da vida poderia ensinar”.

Foi lançado com vasta publicidade, ressaltando-se a plasticidade das “scenas deslumbrantes… bailados e quadros… plásticos posados por bailarinas parisienses”. Entretanto, sua publicidade ao dar destaque para as “Bellas mulheres! Amor! Illusões!…”, deixava claro que o que importava era o sucesso comercial da produção, que aconteceu.

A “Folha da Manhã” de 31 de julho relatou o tumulto ocorrido no lançamento do filme em São Paulo, quando foi necessária a presença da Polícia para que o cinema não fosse invadido – a novidade, um filme “adulto”, atraiu uma multidão de homens.

É interessante constatar como a mudança dos costumes faz com que hoje temas como esses sejam abordados de maneira inteiramente diferente até mesmo pelas novelas exibidas no início da noite. Isso evidentemente tem aspectos ruins mas também alguns bons – só o tempo dirá se essa mudança foi predominantemente boa ou má. Cada um tem sua opinião…

A foto mostra uma das cenas do filme, que não sabemos se foi preservado.

 

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