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 Crônica da Cozinha – Carrinho da vovó
15 de agosto de 2021

Crônica da Cozinha – Carrinho da vovó

Pelo chef Manuel Alves Filho

Aproveitei o dia para reabastecer a geladeira e a despensa. No hortifrúti, comprei hortaliças, frutas, legumes e ervas. No supermercado, arroz, feijão e ingredientes para fazer bolo (farinha, ovos, leite). Nas duas compras, o mínimo possível de produtos industrializados. E nenhum alimento ultraprocessado, aquele que contém uma carrada de substâncias que terminam com “ante”, como corantes, aromatizantes, emulsificantes, acidulantes etc. Tento ser coerente com aquilo que falo.

Quando passava pelo caixa do supermercado, uma senhora aparentando uns 75 anos também encostou o seu carrinho. Ela tinha um ar tranquilo e trazia uma fivela prateada presa aos cabelos. Vestia uma blusa um tanto grossa para um dia ensolarado, mas dizem que quando envelhecemos ficamos mais friorentos. Assim que a caixa começou a contabilizar minhas compras, a senhora tratou de colocar as suas sobre a esteira.

Não tive como não me surpreender com os itens adquiridos por ela. De cara, a vovozinha despejou uns dez steaks de frango congelados. Na sequência, entornou uns cinco lanches igualmente congelados, “prontos para ir ao micro-ondas”, como orienta a embalagem. Quando ela pegou o pote de “tempero pronto”, eu tratei de pagar a conta e de sair apressadamente daquele lugar.

Eu e outros cozinheiros, jornalistas gastronômicos e nutricionistas vivemos chamando a atenção para a importância de valorizarmos os alimentos naturais e de transmitirmos esse princípio a nossas crianças e jovens. Entretanto, não consideramos que nossos idosos também podem, eventualmente, precisar de orientações nesse sentido. Afinal, nem todas as vovós da contemporaneidade são dadas a picar cebola e alho para refogar o arroz nem cortar um pedaço de acém para fazer uma singela e saborosa carne de panela. Que fase!

 

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