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Jundiaqui

 Jura toca bar há 42 anos no mesmo ponto
19 de junho de 2017

Jura toca bar há 42 anos no mesmo ponto

É na Ponte São João aquela que talvez seja esquina mais tradicional entre todas as que têm um boteco em Jundiaí

Edu Cerioni

Os 42 anos ininterruptos de trabalho no mesmo ponto, na esquina das ruas Santo Antônio e Dr. Eloy Chaves, na Ponte São João, são motivo de orgulho para Jurandir Hassum. Ele duvida existir outro que bata esse seu recorde na cidade. “E tem mais: meu mocotó também não tem igual. Fez fama por Jundiaí e região toda”, avisa.

O mocotó, que tem um preço bem camarada, passou no teste de sabor do chef de cozinha Marco Antonio. Ele é outro que não perde uma chance de ir ao bar à noite. Senta em um banquinho na calçada e não para de contar e de ouvir boas histórias.

Uma marcante que o Jura lembra deu uma certa confusão. Hoje o causo virou lenda… Certa noite, seu Tavinho foi embora dali e esqueceu a bengala pendurada no balcão. Jura não teve dúvidas de no dia seguinte colar uma placa no objeto de madeira. Ela dizia: “Tavinho, tomou vinho e alcançou um milagre no barzinho”.

“A mulher do Tavinho, que Deus já tem em bom lugar, não gostou muito da brincadeira, virou assunto em toda roda de conversa”, conta, para soltar o riso. Tanto a bronca já passou que o filho do homem da bengala frequenta ali religiosamente.

Jura diz que muita gente conheceu ali como Bar do Mocotó. É servido diariamente. Tem à venda sarapatel, torresminho, pururuca e outras iguarias. “O pessoal atravessa a cidade, vem até do Anhangabaú, para provar essas delícias. O torresmo muita gente leva pra casa”, diz.

Para quem não conhece, mocotó é um prato tradicional feito à base de patas, “sem casco claro”, de bovinos. O prato foi criado pelos escravos, pois as patas eram partes do boi desprezadas pelos patrões. Pode ser enriquecido com a adição de linguiças, feijão branco e leva diversos temperos. É um prato muito forte e que dá bastante energia.

Força de sobra Jura ri quando perguntado se a sua vitalidade é à base de mocotó. Ele tem (é muito curioso isso) um saco para treinar boxe e alguns halteres de diferentes pesos em seu bar. Jura jura que treina pancadas no saco de boxe todas as manhãs e quando está sozinho no bar, aproveita para fazer alguns levantamentos de peso.

É quando fica exposto o grande escorpião que tem tatuado no braço direito. Junior Lima, um freguês bem mais jovem, brinca que Jura tem “saúde pra dar e vender” aos 70 anos. Vender não está fácil atualmente, conta o dono do bar. Ele que já passou por tantas moedas, como Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, tinha no Real uma grande confiança. “Mas agora tá esquisito, as pessoas gastam menos”.

Sua clientela tem alguns vizinhos e gente de diferentes partes, muitos vindos da Colônia, pois a rua Dr. Eloy Chaves desemboca no Viaduto da Duratex (o Sperandio Pelliciari). Mortadores do novo condomínio da MRV já descobriram o mocotó.

O Bar do Juro funciona de segunda a sábado das 10h até por volta de 21h. Antes, sua mulher ajudava no balcão, mas agora ela toca sozinho.

O bar tem um teto baixo e um balcão desgastado pelo tempo, de tantos cotovelos ali repousando entre um gole e outro.

Um xodó do seu Jura é uma miniatura do bar feita em algum tipo de resina. Ganhou de um freguês que ainda mora na vizinhança, mas pouco sai de casa. A obra tem o balconista, banquinhos, garrafas em uma prateleira e uma escada, além do símbolo do Corinthians, clube de coração do comerciante.

A escada mudou de lugar, mas segue ali, para acesso ao depósito. De longa data é o rádio que se faz de companheiro diário de Jurandir Hassum, que mova na avenida dos Imigrantes Italianos. Também a cortina feita de tiras de pano na porta que dá acesso ao banheiro não nega seu longínquo passado.

SERVIÇO

Bar do Jura (Mocotó) Rua Santo Antônio, equina com Dr. Eloy Chaves, Ponte São João. De segunda a sábado, das 10h às 21h.

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