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Jundiaqui

 A fantástica Terra da Uva em festa
18 de janeiro de 2019

A fantástica Terra da Uva em festa

Conheça os detalhes que dão mais cor e sabor à história de Jundiaí

José Arnaldo de Oliveira

Jundiaí é uma cidade “fantástica” por manter produtos da terra e gente que sabe lidar com eles, afirma Simone Borsolari, da Chef Business. Ela foi responsável pelo coquetel para autoridades antes da abertura oficial da Festa da Uva 2019 e desenvolveu uma tese que parte da descoberta do fogo, passa por culinária medieval e alta cozinha francesa antes de desembocar em referências locais – como a coxinha de queijo. Na parte prática, havia geleia ou beijinho de uvas e até um curioso “catchup” também de uvas, seguindo o processo do produto com cozimento e tempero até o resultado agridoce.

As vinhateiras passaram de dez em 2018 para 37 em 2019, incluindo talvez pela primeira vez na história a presença de quatro rapazes vinhateiros;. O que fazem? Dão as boas vindas, recebem turistas, dão informações e fazem, assim, parte das atrações. Com roupas típicas, andam muito durante os três fins de semana da festa. Mas Beatriz Palma, 17, e Nohara Rosa, 16, conseguiram pela segunda vez seguida participarem do grupo. “É maravilhoso”, justificam.

O veterano presidente da Associação Agrícola de Jundiaí, Renê Tomasetto, manteve a tradição de aplausos entusiasmados antes de sua fala na abertura. Apesar do perfil apontado por alguns como um estilo à Jovem Guarda, foi bastante firme no conteúdo. “Se Jundiaí vem há anos entrando em listas de qualidade de vida, isso se deve também aos agricultores. A qualidade de vida precisa ser urbana e rural, afinal de onde vem o nosso alimento? A nossa água? Felizmente os loteamentos clandestinos estão mais estagnados e as autoridades vem percebendo a importância da agricultura. Como nos mostra esta festa”, diz.

Uma reunião de atores e atrizes da cidade transforma partes da festa em uma viagem no tempo – especialmente na Casa do Colono, localizada ao lado da exposição de uvas e frutas premiadas que valem a visita pela beleza. Ali ocorrem cenas de mesas com simulacros de jogos ou refeições marcadas por muitas expressões com sotaque italianado. Mas a novidade deste ano é um outo espaço logo acima, ao lado da rampa entre os pavilhões 1 e 2, também com acesso pelo lado externo. É a Vila Italiana, que como a Casa do Colono foi produzida pela premiada cenógrafa Juliana Fernandes. “No ano passado a casa foi muito bem recebida, o que nos fez ampliar”, comenta ao lembrar que pouco depois da festa anterior descobriu o livro já clássico de Eduardo Carlos Pereira sobre a arquitetura dos imigrantes italianos, trabalho iniciado sob a orientação de Pietro Maria Bardi. E explorou as informações em sua equipe com uma tradução em recicláveis que parecem originais.

A tradição esteve presente com a Banda São João Batista, conduzida pelo maestro Jansen, que interpretou o Hino Nacional, o Hino de Jundiaí e a Tarantela. “É nosso primeiro concerto do ano”, comentou. Para agendar a banda, com mais de 60 anos de atividade, o contato é com seu presidente Jair em 99561-7666. Outra parte musical da abertura contou com o Grupo Folklorístico Stella Bianca, que vai animar com canções italianas as cerimônias da “pisa da uva” às 14h30 dos sábados e domingos da festa e marcou a primeira delas no evento.

Outra pessoa entusiasmada com a festa é o voluntário Amauri Guaratini, do Café da Cidade Vicentina. “Promete ser muito boa”, comentou. Em meio a salgados, bolos, água e, claro, café, o nome de segunda geração da saudosa Cantina do Jarbas é um dos quase 1 mil voluntários da Festa da Uva 2019.

A pessoa mais aplaudida na abertura da festa foi Pompéia Fabrício, a rainha da Festa da Uva de 1947, a mais veterana das rainhas das diversas gerações que foram convidadas e homenageadas na abertura da festa. “Embora a primeira festa tenha sido em 1934, ela foi a primeira quando surgiu o concurso”, explicou Mariana Pacheco, rainha em 1970 – ano que teve a presença do “rei” Roberto Carlos. Ela lembra que naquele ano a organização envolvia nomes como José Renato Nalini, Jaciro Martinasso, Picoco Bárbaro, Geralda Yarid, o então prefeito Walmor Martins – e, claro, Renê Tomasetto. “Depois houve uma parada no concurso por quase vinte anos e voltou com a Cristiane Schiavo”.

Nos bastidores, integrantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural como Gilberto Bardi conversavam com outros agricultores e pesquisadores sobre a falta de reposição dos quadros do Centro de Engenharia Agrícola, unidade local do Instituto Agronômico de Campinas. A preocupação com a paralisação de áreas como os testes de máquinas e implementos (embora tendo laboratório e pista de testes) é que o Brasil fique em desvantagem com outros países fabricantes como a China. E que a redução dos quadros justifique a privatização da área. Coisas do agronegócio, mas da cidade como um todo também.

O prefeito Luiz Fernando Machado não se conteve ao pregar as virtudes da uva e, especialmente do vinho. Elogiou a festa como tradição da cidade e afirmou que o produto é bom para prevenir cardiopatias. “Sei que meu vice, o médico Antonio Pacheco, aconselha a não dizer isso. Mas não sou médico e ninguém é obrigado a seguir meu conselho”, explicou. Destacou o papel importante do turismo como economia limpa, a valorização da cultura na festa e o valor do agronegócio como parte do equilíbrio da cidade. Além de, obviamente, elogiar a esposa Vanessa pelo papel profissionalizante do Fundo Social de Solidariedade, que tambem é sediado no parque.

Nas alamedas de adegas familiares, um dos setores mais festejados e simpáticos do evento, a experimentação corria ao lado de boas conversas nos doze estandes. Para Amarildo Martins, não é nada exagerado falar em 100 mil garrafas de vinho por ano na cidade. Já Sandra Vendramin mostrava que há muitas outras surpresas entre os produtos das adegas ao disponibilizar uma amostra de geleia de goiaba. Simplesmente inacreditável…

Para José Antonio Parimoschi, gestor de Governo e Finanças, as inovações vistas no setor de agronegócio reforçam uma característica da cidade. “Já fomos assim em coisas como a despoluição do rio Jundiaí ou a represa de acumulação de água”, comentou para dizer que inovação não é apenas tecnológica no sentido direto. O que acontece na festa, diz, é um encontro disso tudo com a tradição. “Desenvolvimento é mais do que a economia em si”.

Os dois principais articuladores da festa, os gestores Eduardo Alvarez (Agronegócio, Abastecimento e Turismo) e Marcelo Peroni (Cultura) quebraram o costume e falaram praticamente juntos. Destacaram que a festa valoriza artistas locais, com quase 150 deles entre as atrações, sem perder o protagonismo da uva e do vinho. Foi anunciada a abertura de inscrições para o subsídio ao seguro agrícola criado em anos recentes. Também citaram economia criativa. E tiveram reforço nas falas seguintes, como do secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, que acrescentou ainda a noção de “agri + cultura”.

A presença de atividades do projeto Ruas de Brincar na festa, entre as atrações infantis, foi elogiada pela gestora de Educação, Vasti Marques Ferreira. “É bom esse contato direto com a comunidade para divulgar a ideia”, diz. Com presença da educação emocional local em evento no Porto, referência do setor em Portugal, ela diz que o resgate da importância do brincar para as crianças dos tempos atuais, apoiada por organizações como Alana, tem a possibilidade de pedidos de fechamento temporário de ruas ao setor de Planejamento. “E a festa tem tudo a ver com tradições”.

O presidente da Câmara, Faouaz Taha, abriu as falas sobre o evento da Festa da Uva 2019 que apontaram a relação entre tradição, cultura e história. Ele lembrou dos 85 anos de existência da festa, destacou as novidades desenvolvidas pelo setor rural e apontou também a importância da prioridade dada para a arte local em meio aos produtos típicos e comunitários da festa. Mas destacou “Temos até a ferrovia muito presente, com trilhos pintados em rampas de acesso e imagens antigas”, elogiou ao destacar o patrimônio histórico (onde até o vinho artesanal foi incluído , ao lado de romaria, bloco ou clube afro) e a distribuição na abertura da festa, pela campanha Estaçãozinha Pede Socorro, do panfleto “Quando os Trens Tinham Aroma de Uva”.

 

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