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Jundiaqui

9 de janeiro de 2019

Dia 17 tem festa para a nossa uva e nosso vinho

Vai até 3 de fevereiro no Parque da Uva e vem cheia de atrações e respeito às tradições

Em 1933, quando uma nova variedade de uva (a Niagara Rosada) surgiu nas terras de agricultores italianos como Antonio Carbonari, a cidade de Jundiaí ainda não sabia que no ano seguinte ganharia renome nacional como Terra da Uva. Foi no ano seguinte, em 1934, que a 1ª Exposição Vitivinícola e Industrial surpreenderia a todos.

De acordo com o antigo jornal “A Comarca”, a cidade (mesmo abrangendo toda a sua atual região) tinha uma população de 50 mil habitantes e recebeu mais de 70 mil visitantes. As informações são do Centro de Memória de Jundiaí.

Essa exposição aconteceu no então Mercado Municipal, onde depois surgiu o Centro das Artes, na rua Barão de Jundiaí. De acordo com o pesquisador Roberto Franco Bueno o próprio mercado havia surgido a partir de um terreno no Centro, solicitado pelos imigrantes italianos que haviam chegado a partir de 1888 no núcleo colonial criado a algumas léguas de distância no trajeto da antiga Estrada de São João de Atibaia, para venderem seus produtos agrícolas e alimentícios.

Do outro lado da rua, nas dependências do Grupo Escolar Conde do Parnaíba, aconteceu a parte industrial da exposição com grande número de produtos fabricados por empresas da cidade – de cerâmicas a moveleiras, de implementos agrícolas a produtos têxteis. Todas espalhadas ali por perto no Centro, na Vila Arens, na Ponte São João, na Barreira, na Ponte de Campinas ou no Retiro.

Era o retrato de uma cidade que ainda resiste, mesmo com menos sotaques italianos ou caipiras, na ideia de que agricultura, indústria e comércio formam um equilíbrio na vida da comunidade. A uva representava uma inovação, que combinava com a imagem de modernidade buscada também pelos outros setores.

Mas não foi uma conquista simples. No caso da uva Niagara Rosada, a nova variedade teve baixa procura inicialmente para as cargas levadas em carroças até o trem para os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro, nas paradas que então existiam em locais como o Corrupira ou o Horto. Alguns depoimentos apontam que somente quando o preço foi elevado é que os consumidores de outras cidades também valorizaram o produto e permitiram a “revolução rosada”, como foi chamada pelo sociólogo e jornalista José Arnaldo de Oliveira no 80º aniversário da festa em 2014.

A primeira festa aconteceu dois anos depois da Revolução Constitucionalista de 1932, ainda com o mesmo prefeito Antenor Soares Gandra. Depois das tensões surgidas com a Segunda Guerra Mundial (quando até mesmo a Fratellanza Italiana precisou mudar de nome para Casa de Saúde Dr. Domingos Anastácio) voltou a crescer e em 1952 recebeu na gestão de Luiz Latorre, com projeto do posterior prefeito Vasco Venchiarutti, o Parque da Uva.

O desenvolvimento da uva e do vinho na cidade é uma história quase cinematográfica. Podem-se encontrar registros desde o século XVII sobre videiras, que faziam parte da cultura portuguesa trazida na colonização dos povos brasileiros.

No caso do vinho, uma ata de janeiro de 1757 da Câmara de Jundiaí, por exemplo, descreve o aumento de impostos exigido pelo terremoto em Lisboa ocorrido dois anos antes. Na transcrição de Mário Mazzuia, o ouvidor-geral clamava a contribuição “voluntária” por dez anos dos vassalos do Reino, incluindo 0,20 réis para medida normal ou 0,40 réis para a medida de vinho em barril ou frasqueira, sendo o dobro para taberneiros que o comprarem sem a chamada guia de pagamento.

Mas foi uma crise profunda no cultivo do café, provocada por uma geada histórica em 1918, que é apontada como o principal impulso para o cultivo da uva em Jundiaí. Terras de antigos coronéis dos tempos da escravidão trocaram de mãos, muitas vezes para cooperativas, até que a Niagara Rosada surgisse na região do Traviú para formar o símbolo dessa transformação na zona rural da cidade, que também forma sua área de mananciais de água.

Tudo isso faz com que a história, mais ainda do que a quantidade de produção, tenha esse lugar de Terra da Uva reservado para a cidade de Jundiaí, onde o sabor das uvas é uma das marcas do verão. Saúde!

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