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 Jundiaiense no Japão diz ‘vida que segue’, mas sombra do vírus persiste
31 de março de 2020

Jundiaiense no Japão diz ‘vida que segue’, mas sombra do vírus persiste

Antonio Bordin conta que até trem já foi parado por causa de alguém tossindo muito

“Aqui de minha parte está tudo bem. O Japão não decretou estado de emergência, nada de quarentena, apenas tem sugerido para as pessoas evitarem aglomerações, assim como lavarem as mãos etc. A maioria acredita que o perigo já passou, mas não podemos descuidar”.

Quem contou essa história nesta terça-feira (31) foi o jornalista Antonio Carlos Bordin, jundiaiense que trabalha há quase três décadas como correspondente no Japão. A mensagem tem um misto de otimismo sem esconder uma certa preocupação com a sombra de uma possível volta do Covid-19.

Diferente do Brasil e outros países, o Japão não recorreu ao isolamento social e ainda assim obteve ótimos resultados para limitar a propagação do vírus. As razões podem ter sido a reação rápida do país para identificar focos de infecção, isolando-os em em “grupos de contágio”, e de proteger a população mais vulnerável, especialmente os idosos. Mas o que vinha sendo comemorado agora teve o sinal de alerta ligado. Com o retorno de muitos japoneses que estavam no exterior, governantes temem que o coronavírus vai voltar mais letal do que antes.

“Muita gente pega fila de manhã em farmácias ou outras lojas para comprar máscaras, que são vendidas sob controle, uma caixa por pessoa. Particularmente não uso, embora existam lugares que exigem, aí não tem jeito de ficar sem”, disse Bordin, que morou no Vianelo e tinha aqui um jornal chamado “Forrobodó”. “Muitas fábricas medem a temperatura corporal de seus funcionários, vetando a entrada de quem estiver em estado febril”.

Segundo contou, semana passada, Tóquio fechou um parque enorme para que as pessoas não se aglomerem na apreciação das flores de cerejeira (sakura), que é uma tradição da primavera. Também ocorreu o cancelamento ou adiamento de grandes eventos esportivos e culturais.

Ele vê ainda que caiu muito o movimento de passageiros nos trens. “Se você tossir muito no trem, te olham estranho. Já teve discussão por isso entre passageiros. Teve um lugar em que uma pessoa tossia e um passageiro apertou o botão de emergência, forçando o trem a parar na estação seguinte”. Ele prossegue: “O problema é que nessa época existe o chamado kafunsho. Muita gente sofre de alergia a um pólen que se solta de cedros. E a tosse é um sintoma. Só que agora as pessoas acham que a tosse é sintoma do vírus”.

Vale lembrar que o Japão é um terreno fértil para o vírus causar estragos sérios por ter a maior proporção de pessoas com mais de 65 anos no planeta e um alto nível de consumo de tabaco, o que torna sua população mais vulnerável a doenças respiratórias, mas até aqui teve apenas algumas dezenas de infecções por coronavírus confirmadas de meados de janeiro para cá.

O problema é que na quinta-feira (26), seu ministro da Saúde, Katsunobu Kato, alertou que existem evidências de que o Japão agora corre risco grave de uma nova propagação (e acelerada) do vírus. Um indício disso é que existem só cem leitos em Tóquio preparados para receber pessoas com doenças infecto-contagiosas graves, mas o governo da cidade já começou a preparar outros 600 mais.

Como tem contato com muitos brasileiros, Bordin lembrou que estes estão muito preocupados e adotando o isolamento social e ainda sugerindo que outros também o façam. “Por enquanto, a vida segue”.

Foto: reprodução Facebook

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