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Jundiaqui

 Casas ainda guardam história da chegada dos italianos
21 de setembro de 2021

Casas ainda guardam história da chegada dos italianos

Esse é um mergulho no túnel do tempo para uma viagem até cerca de 130 anos atrás

Edu Cerioni

As casas remanescentes dos núcleos coloniais que marcaram a chegada dos italianos ao Brasil são raras. No bairro da Colônia, em Jundiaí, se conta nos dedos das mãos as sobreviventes da época de criação do populoso Núcleo Colonial Barão de Jundiaí. Parece pouco, mas é muito quando se imagina que não há nenhuma proteção ou incentivo para que os proprietários mantenham de pé essas construções de cerca de 130 anos.

Contabiliza-se que 900 mil italianos desembarcaram no Brasil entre 1887 e 1902, auge da imigração.

Para cá, um de cada dois vinha da região de Vêneto e todos com um mesmo propósito: conseguir terras e criar família no país que os acolheu de braços abertos – possibilidade aberta em razão da abolição da escravatura que criou a necessidade de mão-de-obra na plantação do café.

O livro “Núcleos Coloniais e Construções Rurais”, de autoria do arquiteto jundiaiense Eduardo Carlos Pereira é o levantamento técnico-científico mais importante e detalhado dessa chegada dos italianos. Nele, Pereira mostra que primeiro os imigrantes construíam uma casa provisória de barrote com cobertura de sapê, para então começar a erguer a definitiva.

Havia um pedreiro que fazia o risco no próprio chão – nada de desenho de projetos – e contava com os familiares do dono da propriedade como seus ajudantes.

Os tijolos eram assentados em barro amaçado com os pés e normalmente ficavam aparentes – com isso saiam de cena as paredes de taipa usadas até então.

Os italianos já tinham algumas ferramentas bem interessantes, como níveis, esquadros, prumos…

Basicamente a fachada das casas apresenta porta central e duas janelas de cada lado. A cozinha fica no fundo. O quintal já tinha naqueles primeiros anos alguns pés de uva plantados.

“A memória está viva nesses tijolos. As pessoas vão, mas eles ficam para contar histórias”, diz o arquiteto, que guarda relíquias a serem mostradas em um sonhado museu dos italianos no próprio bairro da Colônia.

A casa dos Nalini é até hoje um exemplo de conservação. Na chamada cimalha, que fica no alto, dá para ver a perfeição no arremate do pedreiro Cesar Ferrari.

A casa de José Pessoto já teve a fachada revestida, mas voltou a ficar com tijolos aparentes. Foi erguida pelo pedreiro Bortolo Murari.

 

 

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