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Jundiaqui

 Os quilombos de Jundiahy
19 de maio de 2020

Os quilombos de Jundiahy

Por Vivaldo José Breternitz

Em dissertação de mestrado apresentada à UFRJ, Deborah da Costa Fontenelle discute o tema “quilombos”, e recorrendo ao jornal “Correio Popular” de Campinas, narra fatos ocorridos em Itupeva, à época parte de Jundiaí. Na medida do possível, conservamos as expressões da época constantes do texto:

“Há um quilombo do escravos fugidos na fazenda denominada S. Simão, no districto de Jundiahy, distante umas 2 ½ léguas da estação de Itupeva, da qual é administrador o Sr. Francisco Bueno.

Aos 29 do passado (junho de 1885) o Sr. Bueno ajuntou uma força de 15 paisanos e assaltou o quilombo, resultando d’este assalto a morte de um dos paisanos e a retirada dos mais, que deixaram o cadáver de seu companheiro nas mãos dos aquilombados.

O Sr. Bueno communicou o occorrido ao delegado de policia de Jundiahy, por telegramma e pediu uma força para desalojar os aquilombados. O delegado respondeu-lhe immediatamente que não tinha a força precisa disponível e que não remettesse o cadáver para Jundiahy com as testemunhas do facto, e telegraphou ao chefe de policia, pedindo um destacamento para servir no caso.

Este veiu no dia 30 do passado em numero de 15 praças, commandadas por um tenente, e desembarcou em Jundiahy. No mesmo dia o delegado fez marchar o destacamento para a scena do distúrbio.

Chegado o destacamento ao sitio, o commandante fez o reconhecimento da situação das cousas, e communicou ao delegado que os escravos estavam entricheirados na matta e que não podia subjugal-os sem empregar os meios mais enérgicos.

O delegado respondeu que fizesse uso das armas, mas o commandante, vendo que havia grande desproporção entre o numero das praças e dos fugidos, e que estes tinham uma immensa vantagem do terreno, julgou mais prudente não atacar o quilombo sem um reforço de praças, e voltou para Jundiahy, com o destacamento, hoje (2 de julho) de tarde.

Diz o delegado que elle espera a chegada de um reforço sufficiente, de S. Paulo, amanhã, e fará seguir a força, assim augmentada, de novo á scena do distúrbio.

A gente da visinhança do quilombo assevera que há 43 dos fugidos, e que o cadáver do infeliz paizano, que morreu no conflicto de 29 do passado, está lá a pequena distancia do quilombo, espetado n’um mastro para a admoestação dos temerários.”

Em Itupeva há um bairro chamado Quilombo, provavelmente uma referência a esses fatos, a respeito dos quais infelizmente não conseguimos mais informações.

Também não conseguimos mais informações acerca de um episódio ainda mais tétrico que teria acontecido em nossa cidade no ano de 1754, quando os governantes da cidade teriam contratado um capitão do mato (caçador de escravos fugidos) para eliminar um quilombo, matando os líderes e espetando suas cabeças em estacas fincados junto à estrada, para que servissem de exemplo a outros possíveis fugitivos.

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