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Jundiaqui

 Restaurante Dadá fecha as portas, mas é eterno na história do Centro
16 de abril de 2020

Restaurante Dadá fecha as portas, mas é eterno na história do Centro

Jaime Müller aproveitou quarentena para colocar ponto final que se desenhava há um bom tempo

Edu Cerioni

Dos tempos em que a notícia ainda vinha pelo jornal do dia seguinte, seu Jaime Ferreira Müller se surpreendeu com a velocidade das redes sociais para virar a página de uma história mais que centenária de Jundiaí, a da Lanchonete, Restaurante e Pizzaria Dadá, daquelas que começou na Jundiahy, com “h” e “y” no nome, em 1915.

Na quarta-feira (15), foi ouvido pelo JundiAqui sobre um post no Facebook sobre o possível fechamento. O dono do Dadá, então, pediu um tempo para preparar um comunicado oficial. Nesta quinta (16), ficou sabendo que a notícia que ele mesmo queria dar estava em sites e com compartilhamentos inclusive de familiares seus. “Agora deixa a poeira baixar, mas não tem nada com coronavírus”, avisou.

O Dadá está fechado por conta da quarentena no Estado de São Paulo e seu dono optou por não fazer o serviço de delivery, o que está liberado. Desta forma, não voltará mais a funcionar, ou seja, é o fim de uma tradição de 105 anos que já se desenhava há algum tempo.

É a mesma situação que fez desaparecer a também centenária A Paulicéia e com menos tempo de atividades, mas ainda assim de histórias marcantes, também as cantinas Castro e do Jarbas.

Jaime (foto acima) lembra que o comércio de alimentos familiar começou com a Padaria São Sebastião, então pelas mãos de Abílio Ferreira. Foi depois da morte do avô que deixou de vender pães para oferecer lanches a partir de meados de 1960 – “época dos hot dog, americano e misto quente”. O nome escolhido foi o de Dadá, o filho mais conhecido – irmão de Chica e Poio. “Também era forte a venda de sorvetes, especialmente nos domingos depois da missa das 11 horas na Catedral. Muitos casais se conheceram no Dadá”.

O restaurante e pizzaria vieram depois, em 1967. O auge foi nos tempos em que o Centro tinha os cinemas Marabá e Ipiranga, também fechados, o que lhe roubou muito da graça. A tradição da família em preparar salgadinhos, Jaime tem certeza que também nunca será esquecida, especialmente a coxinha de queijo, entre as pioneiras e melhores da cidade.

Nos últimos meses, o Dadá – apelido de Eduardo Ferreira (foto acima) – passou a oferecer o self service, que nunca chegou a emplacar, mas que vai deixar saudades em frequentadoras assíduas como Gisela Vieira e Iliana Mendonça. Para o empresário Lucas Saito, da Rosana Joias, o cafezinho sagrado de todo dia vai fazer falta.

Quem deixa o trabalho no Centro é a Fran – Francelina Bimar da Silva (foto abaixo) -, colaboradora da casa por cerca de 30 anos seguidos. Até música ao vivo no happy hour da sexta-feira com o Zimbaião foi tentado para resgatar a clientela cada vez menor.

No Carnaval, o Dadá ficou aberto durante o desfile do Refogado do Sandi e muitos não sabiam que estariam comprando suas últimas cervejas naquele estabelecimento histórico.

Veja fotos de Edu Cerioni e reprodução de quadros que ilustravam o restaurante, entre eles uma página do extinto jornal “Bom Dia Jundiaí” com crônica de Guaraci Alvarenga sobre a morte de Eduardo Ferreira, o Dadá:

 

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