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Jundiaqui

 Bem-vindos os que nasceram para Deus na Vigília Pascal
25 de abril de 2019

Bem-vindos os que nasceram para Deus na Vigília Pascal

Pelo bispo diocesano Dom Vicente Costa

Pelo batismo, em Cristo, começamos a “caminhar em uma vida nova” (cf. Rm 6,4).

Prezados irmãos e irmãs da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí: Feliz e Santa Páscoa do Senhor!

A partir da Solene Vigília Pascal, que neste ano vivenciamos em 20 de abril, abriu-se para nós o Tempo da Páscoa: cinquenta dias celebrando a alegria da Páscoa do Senhor, pela qual Ele destruiu a morte e o pecado e garantiu a vida em plenitude para todos os que n’Ele crerem.

Nossa Diocese viu nascer naquela Noite Santa da Vigília Pascal mais de 400 neófitos (palavra grega que significa: “plantados recentemente”), − a maioria deles adolescentes, jovens e adultos, alguns deles casados − porque por meio do Batismo foram enxertados em Cristo Jesus (cf. Rm11,17) e chamados a unirem-se a Ele pela força do Espírito Santo. A partir deste momento, os recém-batizados começam a estabelecer com o Pai uma nova relação filial muito íntima, de modo que o Pai passa a chamar cada batizado e batizada como ao seu Filho Jesus, ao ser batizado nas águas do rio Jordão por São João Batista: “Tu és o meu Filho amado; em ti, eu me agrado” (Mc 1,11). Verdadeiramente, nossa Igreja se alegra muito com estes novos irmãos renascidos da água e do Espírito!

Como ensina o Catecismo da Igreja Católica: “Em Cristo, os batizados são ‘a luz do mundo’ (Mt5,14). O novo batizado é agora filho de Deus no Filho Único. Pode rezar a oração dos filhos de Deus: o Pai-nosso… Uma vez feito filho de Deus, revestido da veste nupcial, o neófito é admitido ‘ao festim das bodas do Cordeiro’ e recebe o alimento da vida nova, o Corpo e Sangue de Cristo” (nn. 1243-1244).

Para os neófitos, o período das oito semanas do tempo pascal corresponde ao tempo muito marcante de catequese, que chamamos de “mistagogia” (palavra de origem grega que significa: “conduzir, mergulhar no mistério”). Ou seja, trata-se do tempo em que os recém-nascidos na fé cristã são conduzidos para dentro do mistério da Vida, Paixão, Morte e Ressurreição, o centro da nossa fé, a fim de que vivam intensamente ao longo de todas as suas vidas a salvação que o Ressuscitado conquistou para toda a humanidade.

Na história da Igreja vemos que nos primeiros séculos estas catequeses mistagógicas tinham o objetivo de fazer com que os iniciados na fé cristã descobrissem e assumissem realmente o sentido dos mistérios celebrados. Muitas vezes esta catequese era feita pelo Bispo da comunidade, pois, após a administração dos sacramentos, competia a ele dirigir os neófitos no aprofundamento e na vivência da dimensão simbólica das realidades sagradas recebidas.

Queridos irmãos diocesanos: hoje, perguntamo-nos: qual é o sentido real do Tempo Pascal para nós? Nós que fomos batizados há tantos anos, entendemos realmente o sentido deste tempo da graça? Afinal, em relação à profundeza do mistério divino da nossa salvação, também somos sempre necessitados de conversão e de crescer na santidade. Assim como, creio, tentamos viver bem o tempo da Quaresma em preparação à Páscoa do Senhor, precisamos em cada Páscoa de nossa vida nascer de novo em Cristo, refazer a cada momento, como os neófitos, o ato pascal de morrer para o pecado e ressuscitar com Cristo para a nova vida. São Paulo salienta tão bem esta verdade: “Acaso ignorais que todos nós, batizados no Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Pelo batismo fomos sepultados juntamente com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos por meio da glória do Pai, assim também nós caminhemos em uma vida nova… Sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo sujeito ao pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado, pois aquele que morreu está justificado do pecado. E, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele” (Rm 6,3-4.6-8).

Assim Deus sempre vem ao nosso encontro e se dá a conhecer a nós de um modo sempre novo e maravilhoso. Ele não se deixa dominar, pois nos diz, como o Ressuscitado disse a Maria Madalena: “não me segures!” (Jo 20,17), permanecendo próximo, porém, de modo misterioso e infinito. Tal ideia já está presente nos Padres da Igreja, isto é, nos autores da Igreja dos primeiros séculos, que defendiam que a catequese mistagógica dirige-se a todos os fiéis. Precisamos nos tornar como neófitos toda vez que celebramos o Mistério Pascal de Cristo. Pois, afinal, não invocamos um acontecimento do passado, sendo meros espectadores ou estranhos ao acontecimento celebrado, mas fazemos memória viva, isto é, renovamos e atualizamos de forma eficaz e verdadeira os mistérios sagrados da história da nossa salvação, pois somos membros de um só corpo, o Corpo do Ressuscitado, o corpo do Senhor Jesus.

Deste modo, a história da Salvação toca e envolve intimamente nossa história pessoal. A Páscoa de Cristo é também a nossa páscoa. Revivendo o Mistério Pascal de Jesus, sua Paixão, Morte e Ressurreição, mais uma vez, o verdadeiro sentido de nossa existência nos é revelado. Descobrimos que a nossa existência só é cheia de significado na medida em que ela nos é dada; isto é, na medida em que saímos de nós mesmos para encontrar e servir aos outros, a exemplo daquilo que o Senhor fez por nós.

Queridos neófitos, nossos sinceros parabéns pela decisão que tomaram de serem batizados na última Vigília Pascal. Contem sempre com o auxílio do Espírito Santo. Na caminhada cristã é o Espírito que, através dos sacramentos da Igreja, ilumina e fortalece a nossa vida com a luz divina, tornando-nos capazes de responder ao chamado de Deus. Sejam perseverantes e cristãos dispostos a viver continuamente a vida nova recebida no santo batismo, professando a fé trinitária em nome da qual foram batizados. Que seus ouvidos e coração sejam sempre abertos à Palavra de Deus na Bíblia Sagrada, a fim de que esta Palavra seja “lâmpada para os seus passos” (Sl 119[118], 105). Que, verdadeiramente, possam dizer a cada momento de suas vidas com o Apóstolo São Paulo: “Banhados em Cristo, somos uma nova criatura. As coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo” (Gl 3,27). Nunca se afastem da Igreja, da comunidade cristã por meio da qual nasceram de novo pelas águas do batismo. Participem sempre da Santa Eucaristia, “o pão vivo que o Senhor Jesus nos oferece para a nossa vida” (cf. Jo 6,51). Assumam uma missão nas várias pastorais, movimentos e associações da nossa Igreja. E acima de tudo, vivam a caridade, pois este é o novo mandamento do Senhor: “como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34). Por fim, assumam sua missão no mundo e na sociedade, sendo “sal da terra e luz do mundo” (cf. Mt 5,13-14), dando sua contribuição para que o mundo seja mais fraterno e justo.

Queridos diocesanos, rogo que todos nós saibamos apoiar e acompanhar os nossos neófitos, pois todos nós somos chamados a viver e testemunhar a vida nova em Cristo (cf. Cl 3,1-2). Tenhamos plena certeza de que cada um é membro importante e insubstituível da comunidade de fé, responsável pela edificação do Corpo de Cristo. Juntos nos dirijamos ao Pai em uníssono pela comunhão da nossa Igreja e pela perseverança dos nossos neófitos, pois “quando rezamos ao Pai, estamos em comunhão com Ele e com o seu Filho Jesus Cristo. Então o conhecemos e reconhecemos numa admiração sempre nova” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2781).

Conforme oramos na celebração da Santa Missa na Segunda-feira na Oitava da Páscoa, seja esta a nossa oração pelos neófitos que foram batizados na última Vigília Pascal: “Ó Deus, que fazeis crescer a vossa Igreja, dando-lhe sempre novos filhos e filhas, concedei que por toda a vida estes vossos servos e servas sejam fiéis ao sacramento do batismo, que receberam professando a fé”.

A todos abençoo, particularmente os recém-nascidos, seus catequistas e familiares, e suas comunidades. Assim seja.

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