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Jundiaqui

 Enviados para testemunhar o Evangelho da paz
21 de outubro de 2018

Enviados para testemunhar o Evangelho da paz

Por Dom Vicente Costa

“Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).

Prezados irmãos e irmãs da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí:

No mês de outubro a Igreja no Brasil celebra o Mês Missionário. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é: “Fraternidade e superação da violência”, e lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), o Mês Missionário deste ano, por sua vez, tem como tema: “Enviados para testemunhar o Evangelho da paz”, e o mesmo lema da Campanha da Fraternidade.

Os objetivos do Mês Missionário são: sensibilizar toda a Igreja para a vocação missionária, despertar vocações missionárias e realizar a Coleta Missionária no Dia Mundial das Missões, no penúltimo domingo de outubro (neste ano: nos dias 20 e 21), conforme ficou estabelecido pelo Papa Pio XI em 1926. Dessa coleta, 80% são destinados para auxiliar atualmente 1.050 dioceses pobres nos “territórios de missão” e os diversos projetos na África, Ásia, Oceania e América Latina, enquanto os outros 20% são para a ação missionária no Brasil.

Queridos irmãos diocesanos: é importante lembrar que a missão nasce no coração da Trindade: Deus Pai envia o seu Filho único, cheio do Espírito Santo, para a salvação de toda a humanidade e do mundo, restabelecendo assim a paz e a comunhão com Deus, que o pecado tinha quebrado, e formando uma comunidade fraterna entre todos os povos e nações. Portanto, a Igreja é essencialmente missionária, pois ela só existe em função da missão recebida de Jesus Cristo: fazer com que todos se tornassem discípulos de Jesus (cf. Mt 28,19-20). Deste modo, a missão nasce pelo Batismo e pelo encontro apaixonante e profundo com Jesus Cristo. Como afirma o Papa Francisco: “A missão é uma paixão por Jesus, e simultaneamente uma paixão pelo seu povo” (Evangelii Gaudium, Exortação Apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, n. 268). Sem essa paixão, a missão é reduzida e dispersa, sem mística e ardor. É esta missão apaixonante por Jesus e pela sua Igreja que nos envia até os confins da terra, ou seja, até as periferias geográficas e existenciais. No referido documento, o Papa enfatiza que todo cristão deve assim afirmar e viver: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar” (n. 273).

Por que o Mês Missionário é celebrado no mês de outubro? Este mês de outubro começa com a comemoração de Santa Teresinha do Menino Jesus, que é reconhecida pela Igreja, junto com São Francisco Xavier (cuja festa litúrgica é celebrada no dia 03 de dezembro) como a padroeira universal das missões. Pode parecer muito estranho o fato de termos como padroeira das missões alguém que jamais saiu de seu Carmelo na cidade de Lisieux, na França. Mas, olhando mais profundamente, descobrimos em Teresinha um coração essencialmente missionário. “Compreendi que o Amor encerra todas as vocações. (…) Sim, encontrei meu lugar na Igreja. (…) No Coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor” (Santa Teresa do Menino Jesus, Obras completas: Manuscrito “B” (MB), n. 254; São Paulo: Editora Paulus, 2018).

Caros diocesanos: como assinalei anteriormente, o tema do Mês Missionário 2018 focaliza a paz. O anúncio da Boa Nova, do Evangelho de Jesus é a paz e a reconciliação entre todos, como ele mesmo diz no Sermão da Montanha: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

Como nos conscientizou a Campanha da Fraternidade deste ano, nossas estruturas sociais são marcadas pela violência. Infelizmente, em nossas famílias, em nossas comunidades, na sociedade falta a verdadeira paz, fruto da justiça e da solidariedade. Muitos são violentados em seu ser e viver por falta de condições mínimas de vida: casa para morar dignamente, saneamento básico, trabalho estável, alimentação, tratamento decente para a saúde, educação de qualidade e outros. Por isso, ser missionário de Jesus Cristo e enviado para testemunhar o Evangelho da paz é valorizar e fortalecer, à luz da Palavra de Deus e da Igreja, as práticas já existentes que contribuem para a superação da violência, e também apontar caminhos e ações concretas pela paz.

Por fim, penso que o Mês Missionário deste ano se reveste de três significados importantes:

  1. Testemunhar o Evangelho da paz é anunciar e defender o Evangelho da vida. Não nos esqueçamos de que o mês de outubro se iniciou com a Semana Nacional da Vida (dias 1º a 7), com o tema: “A fecundidade do amor na família”. Já no dia 8 de outubro, celebramos o Dia do Nascituro. Portanto, missão é promover e defender a vida desde o seu início no ventre materno até o seu fim natural.
  2. Testemunhar o Evangelho da paz é atender aos apelos do Papa Francisco que, na sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano, nos exorta: “Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos”. Tendo em vista a 15ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizado em Roma neste mês (3 a 28), com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, o Papa lembra que a vida é uma missão e que cabe aos cristãos anunciar Jesus Cristo a todos os povos. Esta missão é dirigida particularmente aos jovens, pois, “pelo Batismo, também vós, jovens, sois membros vivos da Igreja e, juntos, temos a missão de levar o Evangelho a todos”. Os jovens podem ser missionários e transmitir a fé até os últimos confins da terra, utilizando os vários recursos do mundo digital que manejam tão bem, a fim de que outros jovens possam seguir a Cristo e perseverar em sua vocação.
  3. Testemunhar o Evangelho da paz é preparar-se desde já para o Mês Missionário Extraordinário anunciado recentemente pelo Papa Francisco para outubro de 2019, “com o objetivo de despertar ainda mais a consciência missionária da ‘missio ad gentes’ (isto é, a missão além-fronteiras) e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral” da Igreja. Este evento terá como tema: “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”.

Queridos irmãos diocesanos: supliquemos a Deus, pela intercessão de São Francisco Xavier e Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeiros universais da missão, como também de Maria, perfeita discípula missionária de Jesus, para atendermos ao envio do Mestre e testemunhar o seu Evangelho da paz a todos, pois “todos somos irmãos” (cf. Mt 23,8). Como afirma Papa Francisco aos jovens, no final de sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano: este Mês Missionário “será mais uma oportunidade para vos tornardes discípulos missionários cada vez mais apaixonados por Jesus e pela sua missão até os últimos confins da terra”. Assim seja.

E a todos abençoo.

Dom Vicente Costa é Bispo Diocesano

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