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Jundiaqui

12 de agosto de 2018

Feminismo

Por Kelly Galbieri

Parece engraçado chegar aos 48 anos, ter sido casada, ser viúva, namorar um homem há sete anos, ter duas filhas e falar sobre feminismo. Sempre tudo tão tradicional, não?

Mas acho que esta é uma construção diária mesmo. Não creio que eu pense hoje o que eu pensava há alguns anos e também não acho que eu vá pensar daqui a alguns anos o que penso hoje. Porque a vida é dinâmica e tudo que vivemos e sentimos nos faz pensar: “como cheguei até aqui?”.

Me lembro da primeira vez que fui chamada de feminista. Foi pelo meu pai (machista nato). Estávamos indo para o trabalho, 6h30 da manhã e numa daquelas discussões matinais (eu sempre estava pedindo alguma coisa, geralmente para sair à noite ou ir a algum lugar), isso no alto dos meus 16 anos de idade, e ele já embravecido disse: “Não é possível…você será aquelas chatas feministas que vão às ruas com bandeiras nas mãos?”

Confesso que fiquei feliz com aquela previsão naquele momento, mas aos dezenove anos de idade me casei, contrariando o previsto.

Estas discussões aconteciam porque eu não me conformava que os meus direitos eram diferentes dos direitos dos meninos. “Mas porquê?” – eu dizia. “ Que diferença faz ser homem ou mulher?”

Porque eles podiam fazer tudo o que eu gosto e quero e eu não? Não me parecia razoável. E até hoje não acho que seja.

Claro que ainda essas diferenças são gritantes, como a diferença salarial entre homens e mulheres, a liberdade de ficar na rua até madrugada sem correr o risco de sofrer abuso sexual ou algumas outras situações em que somos, como mulheres, prejudicadas.

Mas consigo enxergar os avanços também. Como tenho duas filhas, vejo no comportamento delas atitude, determinação que faz com que os homens tenham um novo olhar para essas “concorrentes” no mercado de trabalho, tenham um respeito acima do que tiveram seus antepassados com as meninas, que tenham uma amiga, uma companheira, uma amante na mesma pessoa. Porque hoje ninguém mais tolera ser tratada “mais ou menos” bem. Aquela máxima das nossas avós “Ruim com ele, pior sem ele” não existe mais, graças a Deus.

As mulheres hoje se bastam , se sustentam, saem com amigas, dividem suas angústias com amigos, criam seus filhos. E não precisam de alguém para suporte. Se estão juntas de alguém que seja por amor.

Faço um curso desde fevereiro de Promotoras Legais Populares (PLP) onde discutimos feminismo.

E é muito bom ver a evolução do grupo contando suas histórias pessoais e como hoje se sentem empoderadas para dar rumo às próprias vidas, com o apoio de suas amigas, de suas famílias, dos seus trabalhos…
Novos tempos! Novas mulheres!

Kelly Galbieri é advogada

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