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Jundiaqui

 Liberdade de ser quem se é
22 de novembro de 2018

Liberdade de ser quem se é

Por Kelly Galbieri

Tirei uns dias de férias para concretizar o meu sonho de adolescente: conhecer o Mickey e a Minnie de pertinho. Mas com alegria no estágio master. Ir com minhas filhas a tiracolo.

Engraçado pensar que há quatorze anos eu estava com as duas pimpolhas sem sonhar com isso e agora, na verdade, elas é que me levaram, porque eu não sabia falar inglês, portanto não me comunicava, não precisava me preocupar sequer com o local dos ônibus e nem com a escolha dos pratos na hora das refeições. Ah…que delícia ter alguém para programar e pensar tudo para a gente…e sair tudo perfeitinho! Adorei!

A viagem em si foi maravilhosa, exatamente como eu imaginava há pelo menos trinta anos. Mas não foi só isso que me impressionou.

Foi também a liberdade das pessoas. Das pessoas como um todo.

Independente da nacionalidade, as pessoas não estavam nem um pouco preocupadas com a opinião dos outros e iam vestidas como se sentiam bem, comiam onde queriam, o que gostavam; e de verdade, cada um estava preocupado com o seu próprio divertimento, afinal, ninguém ali tinha gasto tanto ou viajado de tão longe para ficar olhando para os “modos” do vizinho.

Então, pois bem, porque quando estamos em casa, no trabalho, na nossa vida cotidiana, o outro nos incomoda? Por que a roupa curta daquela mulher, a barba longa daquele homem, aquela pizza engordurada que “certamente” matará o meu amigo com o colesterol alto “dele” mexe tanto com a minha vida?

Incrível como a mesma pessoa que aqui aponta o dedo para o grupo LGBT, por exemplo, quando chega lá, faz a linha liberal, ou de verdade, só se preocupa consigo (o que deveria fazer sempre) e convive em perfeita harmonia e respeito (até porque não é besta de arrumar encrenca em outro país) com todo mundo? Mas ao pisar novamente em terras brasileiras, parece que tudo aquilo que viu ou viveu ficou para trás e novamente volta a notar aquilo tudo para ter o que falar aos outros.

Interessante isso… minha filha quando se mudou para o Canadá disse que na sala de aula via muita gente diferente dela e tinha vontade de comentar com as colegas de sala. Mas lá ninguém reparava nestas “diferenças” e ela se sentia mal de ainda perceber. E obviamente não podia comentar porque não teria resposta. Afinal só ela achava aquilo estranho ou diferente. Então, depois de algum tempo ela também deixou de achar estranho. E hoje convive com as diferenças de uma maneira natural. Também é diferente dentro das diferenças.

Será que algum dia nossa cultura chegará lá? Torço tanto para isso… para deixarmos de falar de pessoas e falarmos de fatos… certamente seremos mais felizes.

Kelly Galbieri é advogada e assessora de Políticas para Diversidade Sexual na Prefeitura de Jundiaí

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