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Jundiaqui

 Na Época da Inocência!
15 de outubro de 2017

Na Época da Inocência!

Por Vera Vaia

O feriado santo de 12 de outubro, data em que também se comemora o Dia das Crianças, acabou provocando uma febre consumista, nesses pequenos que já nem sabem mais o que pedir de tanta opção que a mídia joga nas suas carinhas, diariamente, nos intervalos dos programas infantis. Tem monstros que eles querem que pareçam lindos, bonecas que comem e descomem, que falam, que choram, bichos esquisitos e até tablets.

Quando eu era criança pequena lá em Barbacena, acho que nem existia o Dia das Crianças. Não me lembro de ganhar presentes em outubro (presente só no Natal) e nem mesmo de ter a semana do saco-cheio na escola, na época em que ainda era politicamente correto falar saco-cheio, sem medo de ofender senhores portadores de hérnia escrotal.

A gente brincava tanto, que todo dia era dia da criança. Era diversão inocente e garantida.

Eu sou do tempo em que brincar de PASSA ANEL, era só um passatempo onde as crianças com as mãos juntas, fingiam estar recebendo um anel de outra criança! Hoje só se vê Passa Anel nos cruzamentos, onde bandidos armados enfiam um revólver na tua cara e mandam passar o anel, o relógio, a carteira e tudo o mais que eles puderem levar.

AMARELINHA era só um jogo onde a gente pulava as casas pintadas no chão, catando as latinhas de pastilhas Valda cheias de areia, jogadas nos números que iam de um a nove até chegar no “céu”.  Hoje só se ouve falar de “Amarelinhas” no trânsito. É assim que são chamadas as mocinhas que tascam multas sem dó,  nas áreas de estacionamento das vias públicas da cidade onde moro (em alguns lugares, elas são marronzinhas).

O MESTRE MANDOU também era um sucesso. A gente levava uma palmadinha de leve, quando não cumpria uma ordem do “Mestre”. Atualmente, o Mestre Mandou virou  um jogo político. Segundo alguns delatores, “eu só recebi propina porque o mestre mandou”! E assim, mais com prazer do que com medo de levar palmadas, os “jogadores” vão cumprindo as ordens dadas pelo “mestre”.

A que eu mais gostava era a brincadeira que aqui chamávamos de UNHA NA MULA, conhecida nacionalmente como PULAR CARNIÇA. Em fila, a gente cravava a unha (de leve) nas costas da criança que se curvava apoiada com as mãos nos joelhos, pra cair em pé e já ir se posicionando pra levar a unhada também. Essa é outra brincadeira que, parece, saiu de moda. A coisa mais próxima de Pular Carniça, nos dias de hoje, ficou lá com os irmãos Batista!

E o popular ESCONDE-ESCONDE? A gente virava o rosto pra parede, enquanto a turma se escondia e contava até 10, dando uma trapaceada inocente: um, dois, cinco, nove e dez, lá vou eu.

Nunca ninguém imaginou que, um dia, esse folguedo ia servir como sugestão para bandidos esconderem dinheiro e ouro olímpico na Suíça ou 51 milhões de reais dentro de um apartamento em Salvador!

Pelo jeito, a única brincadeira que dura até os dias de hoje é a de BOBINHO. Os políticos jogam as bolas e o povo fica de bobinho tentando pegar alguma sobra. Sem sucesso, porém!

Bóra brincar, gente!

“Roda, roda, roda, pé, pé, pé…roda, roda, roda, caranguejo peixe é…”

Vera Vaia é jornalista

 

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