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Jundiaqui

 Quando 100 reais valem mais…
28 de maio de 2018

Quando 100 reais valem mais…

Por Wagner Ligabó

E a ideia que o mundo acabou, que não se pode mais confiar na índole das pessoas, que nada tem mais jeito, onde o ato de acreditar perdeu seu senso, que o esperto sempre levará vantagem, tem certos momentos e situações que nos fazem ver, com otimismo e alegria, que a centelha da esperança e da honestidade não se esvaiu das nossas vidas.

Digo isso pelo exemplo singelo, porém magnífico, que ocorreu comigo na última sexta-feira ao entrar no Hospital São Vicente.

Já próximo ao relógio de ponto para registrar minha presença um franzino funcionário da limpeza, todo encabulado e respeitoso, me diz com voz baixa e preocupada apontando: “Doutor! Está pra cair dinheiro do bolso da sua calça!”

Eu havia colocado o celular no bolso dianteiro da calça e durante a entrada no hospital tirei-o para atender uma ligação. Neste mesmo bolso havia também três notas de 100 reais.

Agradeci muito o rapaz e ao pegar o dinheiro percebi que só 200 reais sobrara. Uma nota caiu no trajeto da entrada no hospital até a chegada ao ponto eletrônico ao sacar o celular do bolso. Pensei comigo: “Que distração! Culpa e perda minha,  pois era dinheiro de remuneração de trabalho. Bem feito!” E arrematei descrente: “- Esta nota de 100 já era!”

Fiquei parado olhando para o nada e quem passava perguntava: “- O que foi Doutor?”. Explicava com cara de sem graça e dizia: “-  Perdi 100 reais. Não  tem importância! Foi descuido meu!”

Na sequência, ao caminhar pelo corredor do hospital rumo ao trabalho, já conformado com a desatenção minha, ouço uma voz chamando ao longe. Era uma enfermeira de uniforme verde escuro impecável, solícita e simpática, que soube o que ocorrera através de uma funcionária da limpeza que falara comigo a pouco. Ela pergunta objetiva: “ Você perdeu 100 reais, Doutor?”

Ao concordar ela afirma que a nota de 100 reais perdida fora encontrada, devolvida, e estava à disposição na portaria de recepção a familiares que visitam seus doentes. Uma atitude nobre de quem o fez.

Fiquei surpreso, admirado  e perguntei: “- Quem encontrou?” A resposta foi surpreendente: “- O que mais importa não é quem encontrou, mas a atitude. Se todos fossem assim, com a população a ser respeitada em seus direitos e os políticos a darem o exemplo, o Brasil seria outro, o Doutor não acha?”

Sem muito a acrescentar à fala tão consciente e sincera, até meio sem graça, concordei com um sorriso e um aceno positivo de cabeça e ainda tive tempo de dizer: “- É por aí, através de atitudes simples assim, que nosso País mudará sua rota. Dando exemplos!”

Sorrindo e passo apressado, a vi sumir escada acima. Olho para os lados, ninguém mais por perto, agradeço orgulhoso a educação que meus pais me proporcionaram e àquele que fez a honesta ação por educação, e sigo carreira – eu e meus pensamentos –  São Vicente a dentro, com uma única certeza: é só querer que dá certo.

Honestidade é apreciada, confiança é conquistada, lealdade é retribuída e respeito é merecido.

Podemos e devemos ser mais! O Brasil e sua brava gente não merece tudo isso que está aí. E o que  não falta é brava gente!

Wagner Ligabó é médico cardiologista e vereador

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