LOADING...

Jundiaqui

 Um nome pra chamar de seu
16 de junho de 2017

Um nome pra chamar de seu

Por Kelly Galbieri 

Em uma semana a Assessoria de Políticas para a Diversidade Sexual viveu dois momentos importantes sobre o tema.

O primeiro foi a assinatura do decreto municipal nº 26.938 que garante o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de travestis e transexuais no âmbito da Administração Pública Municipal direta e indireta.

Este foi, sem dúvida alguma, um avanço muito grande para toda a comunidade LGBT, pois, desde 19 de maio de 2017, toda e qualquer travesti e transexual que queira ser chamada pelo nome que é identificada em sua comunidade e meio social, tem garantido este direito, sem a exigência de testemunhas.

Ou seja, é o fim do constrangimento que por tantas vezes inviabilizou até mesmo o tratamento médico de algumas dessas pessoas. Ora, sejamos realistas, quantas travestis e/ou transexuais já não deixaram de passar por consultas em unidades básicas de saúde por serem anunciadas com um nome diferente de sua identidade de gênero.

Afinal, dependendo das pessoas que se encontram por perto, chega a ser temerário algum tipo de agressão homofóbica.

Em um segundo momento, a Assessora de Políticas para Diversidade Sexual visitou a DECRADI (Delegacia Especializada em Crimes Raciais e Delitos de Intolerância).

Trata-se de uma delegacia especializada em crimes de autoria desconhecida. E hoje seu maior foco é o crime de injúria racial cometido pela internet. O último grande crime de intolerância LGBT foi a bomba solta na Parada Gay de 2009 em SP por um grupo neonazista. Foram necessários três meses de investigação, mas os responsáveis foram identificados e presos. Triste saber que anos depois foi pego novamente por conta do mesmo crime.

O investigador chefe apresentou fotos e documentos que comprovam a identificação e cadastro de todos os grupos extremistas da cidade de São Paulo e da região.

E uma constatação do mesmo, depois de 11 anos à frente desta delegacia, nos deixa perplexos: afirma que aquela pessoa que faz insultos, ameaças via internet, em casa, ou em grupos de amigos, não chega a agredir gays, lésbicas, travestis ou transexuais. É o famoso “cão que ladra não morde”.
Já aquele que agride, que espanca, que violenta, quando chega a uma delegacia, diante de um delegado, não admite ter algo contra essa parcela da população. Sempre encontra uma “desculpa” para sua intolerância. Mente dizendo que foi provocado, instigado, furtado ou qualquer outra bobagem.

Outro dado relevante é a reincidência. Como o crime de homofobia não está previsto em lei, as penas são brandas, pois se aplicam aos crimes de lesão corporal. E então, ninguém fica preso. A sensação é a de impunidade, pois uma cesta básica não paga a humilhação, a dor sofrida por quem viveu tal situação.

Tratemos então a impunidade como nosso maior desafio!!!

Foto: Parada Gay de Jundiaí

Kelly Galbieri é advogada e assessora de Políticas para a Diversidade Sexual de Jundiaí

Prev Post

Solenidade de Corpus Christi e…

Next Post

Casa inspirada em “E o…

post-bars

Leave a Comment