Por Eusébio dos Santos

É preciso entender que a cidade envelhece na mesma velocidade que sua população, assim como renova-se obedecendo a mesma condição, se bem que estatísticas mostram que o envelhecimento tem sido maior que a renovação – mas, é este estado de entropia que dá o sentido para amar ou não o lugar e suas pessoas.

Pegando um gancho na pesquisa que classifica, no geral, nossa cidade com a sétima colocação na oferta de oportunidades para um envelhecimento com razoável qualidade, firmo os pés na sabedoria de que ainda há muito que ser feito.

As ações ocorrem, mas são trabalhos isolados aqui e ali: a igreja, as SABs, os centros esportivos, as ONGs, as ILPIs atuam, porém não há um elo entre elas, ou seja, não tem política pública.

A política publica exige, necessariamente, que as decisões ultrapassem um mandato, ela precisa interligar tudo e a todos, oferecendo oportunidades perenes.

Assim, não deito no berço contente dos satisfeitos com esta classificação, mas não deixo de reconhecê-la e de sinalizar que ainda há muito que ser feito – passeios públicos, parques, habitação, entre muitas e muitas outras intervenções que o poder público pode mediar, já que penso que a iniciativa privada deve abraçar um pensar a frente, além de visualizar apenas o poder econômico que este público traz.

Evidente que não podemos ou devemos espelhar-se no exemplo que esteja em condição pior, no entanto, posso lamentar, pois, se aqui já é difícil, imagine nas outras.

Quando vejo uma pessoa desfilando alegremente, em seu tempo de descanso, e sendo esta pessoa gestora pública, ponho-me a olhar para o seu todo: passado, onde os pais clamam por ações que os tirem da solidão (independente de condição financeira); futuro, onde seus filhos se preparam para um mercado que não mais existirá. Neste momento me pergunto recluso em meu próprio silencio: o que constrói este sujeito para atender sua própria carência?

Pensar futuro é pensar no próprio envelhecimento.

Eusébio Pereira dos Santos é administrador de empresas e coordenador do Celmi