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Jundiaqui

 Golpes cibernéticos
27 de agosto de 2020

Golpes cibernéticos

Por Kelly Galbieri

Cheia de vergonha e raiva faço este texto. Para alertar os meus amigos e familiares sobre golpes aplicados por estas quadrilhas de hackers através de nossos computadores e aparelhos celulares.

Sempre que ouvimos na televisão ou quando nos contam sobre alguém que conhecemos (ou não) que caiu em algum golpe, o sentimento primeiro é de que era alguém muito velho, que não conhecia as artimanhas da internet ou que a pessoa havia passado todos os dados para a quadrilha… e por isso tinham feito da vida do pobre coitado, um verdadeiro inferno.

Pois é. Nem tudo é exatamente assim. Acho que comigo houve um pouco de desatenção na página que me contatou, um pouco de “olho grande” querendo ganhar um suposto voucher para jantar gratuitamente e também uma boa-fé que não podemos ter mais nos dias de hoje. O mundo mudou e pessoas do mal estão por toda parte.

Vamos lá… vou contar o que houve para que entendam e não caiam também. Ou, que possam dizer (como eu mesma já disse) que eu fui muito juvenil para cair neste golpe.

Uma amiga querida foi comemorar o aniversário de seu marido em um restaurante chamado Dinner in the Sky. Trata-se de uma plataforma com várias cadeiras e mesa que é elevada e as pessoas jantam nas alturas, bem ao lado do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Muito legal, lindo de ver! E eu vi as fotos no Instagram e me encantei. Fiquei doida para ir. Marquei nos comentários da página deles o nome das minhas duas filhas para que vissem e pudéssemos combinar um almoço ali.

Pois bem. Este ser inescrupuloso que me clonou criou uma página no Instagram IDÊNTICA a do restaurante em questão, com o mesmo nome (só não tem o símbolo de oficial ao lado), pegou o meu contato e da minha filha nos comentários feitos e mandou mensagem no direct para ambas (a mais velha tem tudo isso bloqueado… acho que é mais cautelosa) como se fosse do próprio restaurante, dizendo que “como forma de prestigiar nossos seguidores, estamos sorteando 2 convites para uma de nossas edições. Caso deseje participar nos informe seu whatsapp com DDD”.

E eu, acostumada a ver sorteios no Instagram (é ou não é?) mandei meu número para que pudesse concorrer. Me avisaram então que me mandariam um código por whatasapp e eu deveria anotá-lo no direct. Como não deu certo, me avisaram que iam me passar o código por ligação de voz. Recebi uma ligação e quando atendi, ninguém falou nada. Só uma gravação me disse seis números. Eu então pus no direct do impostor. Me ligaram imediatamente dizendo que iam me mandar o voucher por e-mail e então dei meu e-mail. Até aí não achei que tinha qualquer problema. Meu Whatsapp tinha aquele duplo grau de segurança, o meu e-mail qualquer um pode pegar em qualquer lugar, enfim… ainda não tinha certeza que tinha caído em um golpe.

Me mandaram no e-mail um texto em inglês e pediram por telefone para eu clicar em um link. Por precaução, pus para traduzir o que estava escrito e vi que se tratava de tirar o duplo grau de segurança do Whatsapp. Então eu disse que não queria mais participar de sorteio algum, pois não mexeria em nada do meu celular.

Ele, calmamente, me disse que me entendia e que bastava que eu dissesse seis números quaisquer a ele para que ficasse no meu voucher inserido e no dia que eu fosse até o restaurante, deveria repetir os tais números, como forma de garantia de que eu era eu mesma.

Falei seis números aleatórios e ele ficou fazendo de conta que estava preparando meu voucher. Penso que neste momento estava me clonando. Me perguntou se eu iria sozinha ou se ia levar um acompanhante. Como sei de uma amiga que queria muito ir também, dei o nome dela e o telefone. E enquanto eu ainda estava na linha com eles, esta amiga me ligou.

Neste momento percebi que tinha caído em um golpe. Já o deixei na espera e a atendi. Ela me disse que ele estava pedindo dinheiro em meu nome. Desliguei imediatamente o telefone com os dois, mas já era tarde. Ele tinha desabilitado meu Whatsapp do meu aparelho e só consegui ter acesso novamente cinco horas depois.

Então percebo escrevendo que foi uma sucessão de erros infantis. Mas que no dia a dia, na boa-fé não nos damos conta. Ou EU não me dou conta. Eu nem pensei em entrar na página da pessoa que estava me ofertando o tal voucher, porque eu vi o nome do restaurante e isso me bastou. Não pensei que poderia ser uma página fake, criada exatamente igual a do verdadeiro restaurante.

Minha filha me disse hoje que códigos por ligação de voz jamais acontecem. Eu nem pensei que isso fosse absurdo. Tola. Agora parece claro. Mas na hora nem pensei. Estava trabalhando quando tudo aconteceu. Não que justifique, mas estava com outras coisas em mente e o cuidado com um almoço não parecia essencial. E era. Depois de tudo, fica só o sentimento de impotência que é tão grande…

Pediram dinheiro para centenas de pessoas. Atingiram muitos contatos meus. Mas, até este momento, não tenho notícias de ninguém que tenha feito qualquer depósito. Ainda bem que meus amigos são mais cuidadosos que eu. Quantos me ligaram ontem, quantos se preocuparam comigo…

Só posso pedir desculpas pelo transtorno causado a todos que receberam ligações, mensagens e agradecer a todos os que, de alguma maneira, chegaram até mim, ora para me avisar que tinha sido clonada, ora para colocar nos grupos em que eu estava, ora para me dar uma palavra de conforto.

Fica aqui um aprendizado. A malandragem está em todos os cantos. E meus amigos estão sempre comigo! Obrigada!

Kelly Galbieri é advogada

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