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Jundiaqui

 A difícil arte de ser mulher
5 de novembro de 2020

A difícil arte de ser mulher

Por Kelly Galbieri

Amigas, o que foi este mês para nós que estamos acompanhando os noticiários? Uma sensação de impotência, de revolta, de nojo… Algumas vezes chegou a embrulhar o estômago, não?

Li na semana passada que uma jovem de dezoito anos foi estuprada durante uma entrevista de emprego em Cuiabá. EM UMA ENTREVISTA DE EMPREGO! Pronto, caiu por terra, neste caso, a máxima do homem branco, cis, hétero, classe média, que diz: “mas olha onde ela estava… olha a roupa que estava usando”. Só falta agora dizer: “Mas procurar emprego? E queria o quê?”

Como se estar em determinado lugar, usar a roupa ou a maquiagem que quiser, salto alto, falar alto, beijar na boca, enfim, como se qualquer coisa que uma mulher fizer justifique um ato de violência. Até quando teremos que gritar que não é NÃO?

O que impressiona neste caso de Cuiabá (além do horror do abuso, é claro) é que a jovem só teve coragem de ir até a delegacia de polícia graças ao motorista do aplicativo que a buscou na entrevista. Ele viu seu desespero e a convenceu a denunciar o agressor. A levou imediatamente para lavratura do boletim de ocorrência. Que pessoa sensível, que empatia… E não podemos dizer que é porque ele tem uma irmã, uma filha, uma esposa ou namorada que teve esta atitude. Caramba, será que só enxergamos estas aberrações quando acontece na nossa própria casa? Ele realmente foi o que se espera das pessoas, homens ou mulheres, que se coloquem no lugar do outro.
E o agressor foi preso!!! Neste caso!

Já o caso da Mariana Ferrer é aquele que precisa ser emblemático, que lembramos e comentamos nas conversas no trabalho, no almoço familiar de domingo, na fila do pão ou qualquer outro lugar. Até para que conheçamos o pensamento das pessoas que nos rodeiam.

Assistir a um “julgamento” de uma vítima é inconcebível. O que fizeram com a jovem foi monstruoso. Quatro homens agredindo, violentando, abusando novamente desta moça é imperdoável. Precisamos de um local apropriado, com mulheres capazes de entender este tipo de violência para então acolher e não julgar uma vítima como a Mariana. Temos que nos unir. Assim há solução sim.

Prova disso foi a demissão do comentarista da Jovem Pan, da Rádio Guaíba, do Jornal Correio do Povo e da Record, assim que defendeu o estupro cometido pelo rico Aranha. Ele disse que “se minha filha for estuprada nessas circunstâncias, ela vai ficar de castigo feio. Eu não vou denunciar um cara desses para a polícia”. E diz ainda: “Porque essa desculpa de que mulher bêbada não é responsável?” Ora, Sr. Constantino, que vergonha de pessoa é o senhor. Já pensou sua mãe, sua filha, que vergonha sentem ao ler um comentário desses? Será que ele nunca ficou bêbado? Ou isso o legitima a sofrer um estupro? E acha que tudo bem?

Eu, como advogada, tenho para mim que estupro é um crime que eu não conseguiria defender. Mas compreendo aqueles que o fazem de uma maneira honesta, correta, atuando para que o agressor pague pelo crime que cometeu exatamente o que lhe for devido. Senão não há mais sono puro para aquele que o defende. Penso eu.

O advogado Gastão não considero colega de profissão e sim tão criminoso quanto o estuprador.

Que seja feita justiça aos 4 homens envolvidos, que sejam punidos nos rigores da lei o estuprador André de Camargo Aranha, o estarrecedor advogado Claudio Gastão da Rosa Filho, que repúdio, o promotor que permitiu a revitimização da jovem e o juiz Rudson Marcos, investigado por possíveis desvios éticos. E que a Mariana consiga se refazer de tantas violências já sofridas tendo apenas vinte e três anos de idade.

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