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Jundiaqui

 Adeus ao garimpeiro das histórias de famílias
7 de maio de 2025

Adeus ao garimpeiro das histórias de famílias

Por Edu Cerioni – A vida nos prega peças, meu irmão. Acho que é por isso que Luiz Haroldo Gomes de Soutello viveu tão intensamente tudo o que quis. Até o final esteve acompanhando do cigarro e do uísque com gelo. As surpresas dessa terça-feira 7 de maio foram extremadas. O dia começou com parabéns a Luiz Haroldo Gomes de Soutello e terminou com um silêncio dolorido no grupo da Academia Jundiaiense de Letras. A boa notícia era que o escritor teve o livro “Os dois fantasmas de Álvares de Azevedo” habilitado a concorrer ao Prêmio Jabuti 2025, na categoria romance literário. Cerca de 15 horas depois a postagem do mesmo Márcio Martelli, presidente da AJL, era de luto.

Fica vaga a cadeira número 15, foi-se o escritor, o advogado, o professor, o procurador de carreira do Banco Central, o fã do bloco de Carnaval Refogado do Sandi, o apreciador da boa culinária portuguesa… Fica sua obra! Vasta e recheada de lugares e gente, com nome, sobrenome, filiação e o que mais pudesse amarrar para tirar do fundo de baús esquecidos as grandes histórias. Gostava de escrever sobre sua família e a de outras figuras seculares importantes. No silêncio da madrugada que se jogava em livros e documentos.

Luiz Haroldo nasceu em São Paulo em 13 de março de 1944. E desde a adolescência sabia o que colocava no papel. Foi colega de jornal mural de Chico Buarque, isso no Colégio Santa Cruz. Estudou Direito no Largo São Francisco. Jundiaí entrou em sua vida em 1973, quando veio dar aulas de Direito Tributário. Em 1990 se jogou de mala e cuia. Casou com a jundiaiense Maria Helena Menten e tiveram o filho Luís Filipe.

Dominava o francês e o inglês. Também tinha humor refinado esse autor de estudos sobre direito, história medieval, genealogia, crônicas e contos. Muitos de seus artigos foram publicados nos últimos anos aqui no JundiAqui.

Alguns livros são “O Ogre de Mirimburgo”, “O ovo Galitzine”, “É à noite que as coisas acontecem”,  “Esqueletos de família”, “Frau Wirtin e o Vampiro”, entre muitos outros, publicações pela LiterArte de Celso de Paula e Editora In House, de Martelli. Trabalhava ultimamente no resgate de histórias curiosas dos lendários bares de Jundiaí, como o Chico’s (me convidou para escrever sobre o Dobrão).

Tivemos dois encontros agora em 2025, em 8 de fevereiro no Leleta do Rei, festa do Refogado, e em 7 de março, no jantar dos 45 anos da AJL, quando me pediu para registrar seu encontro com Roberto Franco Bueno e me presenteou com um exemplar de “Os dois fantasmas de Álvares de Azevedo”.

Outras fotos, a maioria com o grande amor de sua vida Maria Helena, são de anos diversos em registros no saudoso restaurante tailandês Koh Samui, inclusive junto com o cantor Cláudio Nucci, na casa de Rita Rodrigues e outras festas, entre elas nos lançamentos de meus três livros. BRILHOU!

O relógio entancou de repente

De Márcio Martelli para Luiz Haroldo

Bate o coração descompassado
Bate forte deixando-me sem ação
Foi-se um amigo
Despediu-se da vida abruptamente
Um gentleman das letras
Escritor mordaz e sagaz
Fazia-me rir com seus textos
Admirava sua inteligência
Suas histórias, seu conhecimento
Sabia como ninguém
Decifrar lugares e pesquisar
Tudo sobre todas as coisas…

Vai, meu amigo,
Vai escrever novas memórias
De tudo o que viveu
Num céu repleto de letras
Onde morará ao lado
De outros imortais.

Leia artigos escritos por Luiz Haroldo no JundiAqui – clique aqui

Fonte: Enciclopédia Cultural De Paula
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5 thoughts on “Adeus ao garimpeiro das histórias de famílias

Vania Negorosays:

R.i.p
Meus sentimentos sinceros. Um querido em nosso meio…

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Marilzessays:

Estou em choque, sempre o admirei pela sua cultura além de ser um querido amigo.

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Bel Chavessays:

Luiz Haroldo nos deixou um vazio que é preenchido com seu imenso legado literário. No Céu escreverá através das estrelas novas histórias. Grande professor e amigo. Saudades.

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Celso de Paulasays:

Foi meu professor no curso de Direito e eu, o editor dos livros dele por mais de 25 anos. Sem sombra de dúvida, o escritor mais prolífero de Jundiaí. Orgulho-me de ter sido o “padrinho” do seu ingresso na Academia Jundiaiense de Letras.

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Mario Buenosays:

Lembranças eternas do LH. Amigo e parceiro em muitas ocasiões.

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