A Pinacoteca de São Bernardo do Campo recebe, a partir de 23 de março, “Aceno, a cena”, de Marília Scarabello, a jundiaiense que foi censurada em mostra coletiva na Caixa de Brasília e que vem agora com uma exposição individual, apresentando trabalhos que pedem o exercício de trocas.

A seleção de obras produzidas pela artista visual e arquiteta entre os anos de 2017-2024 foi feita pela curadora Ana Carla Soler, que explica: “O fio condutor da exposição é o ato que transcende os códigos de linguagem e parte da troca entre um interlocutor e um receptor para acontecer. O receptor é quem interpreta a manifestação de contato. Os trabalhos pedem o exercício de trocas, seja em sua montagem e confecção, promovendo interações entre a artista, parceiros e montadores, nas ações em que as obras transcendem o espaço expositivo, como o ato de levar
fragmentos da exposição consigo para casa, ou mesmo no gesto que se torna a ação de se enxergar nas obras”.

Marília investiga os símbolos e signos que constituem a ideia de nação. A partir de múltiplas linguagens, incluindo procedimentos de apropriação de objetos de senso comum, estuda a ocupação do espaço urbano, o uso da terra e da natureza e o conceito de território na sua representação física e metafórica. “Os trabalhos da Marília costumam deixar pequenas provocações em que os encontra, ora são estimulantes, ora desafiadoras. A diferença entre as duas reações depende da identificação do expectador com a obra. Para isso, ela usa de elementos comuns, como um cubo
mágico, o pagamento de um boleto ou o jogo de Jokenpô e faz com que saiam de suas funções habituais, questionando, a partir disso, a maneira como ocupamos o mundo”, prossegue Ana Carla.

São 19 trabalhos, entre instalações, esculturas, objetos, fotografias e documentações históricas. A mostra fica em cartaz até 14 de junho.