Conversa Ribeira, do jundiaiense Daniel Muller, lança terceiro álbum
“Do Verbo Chão” reinventa o cancioneiro caipira tradicional
Em “Do Verbo Chão”, o Conversa Ribeira – trio formado por Andrea dos Guimarães, João Paulo Amaral e o jundiaiense Daniel Muller no piano ou acordeão – tece um desdobramento singular da música caipira. Cultiva, ao mesmo tempo, o vínculo essencial com essa tradição e a liberdade de recriá-la em novas concepções de arranjo e interpretação. Seus integrantes elaboram um trabalho repleto de encantamento com a riqueza que vislumbram no repertório clássico caipira, tanto no que se refere aos conteúdos musicais quanto à experiência humana.
Depois de 17 anos de sua formação, o trio segue realizando uma meticulosa e entusiasmada pesquisa, que busca trazer à superfície pérolas criadas por grandes autores da história da música caipira.
O novo álbum revela “Pé de ipê”, toada de Tonico, as modas de viola “Gostei da morena”, de Raul Torres, “Herói sem medalha”, de Sulino e “Moda da Onça”, canção de domínio público que Inezita Barroso recolheu em Itapecerica da Serra, na década de 40. E o olhar retrospectivo não se dirige apenas aos pioneiros que definiram a abrangência dessa tradição. Duas composições de Daniel Muller, dentre elas, “Cururu Mitológico”, baseada em extensa pesquisa sobre mitologias indígenas brasileiras e, ainda, obras de autores que não restringem sua produção à música regional, mas cuja sensibilidade tangencia o Brasil profundo, também são contempladas. Assim, integram o repertório “Atrás poeira”, de Ivan Lins e Vitor Martins, “Folia”, de Lourenço Baeta e Xico Chaves, e “Olho d’água”, de Paulo Jobim e Ronaldo Bastos.
Ao lançar o terceiro álbum, o premiado trio manifesta, mais uma vez, a necessidade de preservar a tradição sem tratá-la como peça de museu, mas como um processo cultural dinâmico.
O trio já percorreu o país e o exterior – representou o Brasil em festivais no México e em Portugal (Festival Ollin Kan de Culturas de Resistência). Após lançar seu 1º CD em 2007, foi selecionado no Projeto Pixinguinha (FUNARTE, 2007) e no programa Rumos Itaú Cultural (2008). Recebeu, em 2011, o prêmio Inovação do Festival Voa Viola e, em 2014, o prêmio Cata-vento (Rádio Cultura AM) de Melhor Grupo de Música Raiz.
Em 2012, dividiu o palco com a Orquestra Municipal de Jundiaí , criando arranjos para incorporar a orquestra de cordas à sua concepção peculiar da música caipira, e com a Orquestra Sinfônica de Sorocaba. O 2º CD, “Águas Memórias”, foi lançado em 2013. Em 2017, voltaram ao palco da Orquestra Municipal de Jundiaí, ao lado de Renato Teixeira. Ao longo de sua trajetória, o trio apresentou-se ao lado de Guinga, Inezita Barroso, Mônica Salmaso e Paulo Freire.
Este terceiro álbum foi gravado com recursos próprios e viabilizado por meio de uma campanha de financiamento coletivo (Catarse), com a contribuição de mais de 220 pessoas. O show de lançamento aconteceu no Itaú Cultural dia 17 passado.
O álbum completo já está disponível nas plataformas digitais – confira.