“A Mulher da Van”, peça que conta a história real de Mary Shepherd, uma senhora inglesa acumuladora que, na década de 1970, morava dentro de uma van no subúrbio de Londres, chega aos palcos de São Paulo com direção de Ricardo Grasson e tendo como protagonista Nathalia Timberg. O elenco tem ainda Caco Ciocler, Nilton Bicudo, Noemi Marinho, Duda Mamberti, Lilian Blanc, Roberto Arduin, Cléo De Páris e Lara Córdulla.

Dona de um currículo de 48 novelas e mais de 60 peças, além de séries, minisséries e filmes, Nathalia, que tem 95 anos, faz o papel de uma mulher amarga e mal-agradecida que encontra em Alan um doce e ao mesmo tempo melancólico dono da casa em que a van estaciona em frente. E ali nasce uma amizade pouco provável e que mistura acolhimento e culpa.

Como escreveu Helder Moraes Miranda, para o portal Resenhando.com, “a encenação de Grasson constrói um universo que não pede explicações: a van vira casa, o lar vira prisão, a rua vira espelho. Tudo transita entre o cômico e o trágico com a fluidez de um sonho. A direção é, ao mesmo tempo, respeitosa com o texto e atrevida com a forma. Talvez daí resida o maior acerto dessa produção. O público sai transformado? Talvez. Mas sai, no mínimo, cutucado – e isso já é mais do que se espera da maioria dos espetáculos. Porque o teatro, como bem sabe Nathalia Timberg, não existe para fazer carinho no espectador, mas para deixá-lo acordado. E, se possível, ligeiramente desconfortável”.

Nathalia Timberg esteve em Jundiaí duas vezes na última década, ambas no palco do Sesc, em 2018 com o espetáculo “Chopin ou O Tormento do Ideal” e em 2015, com “Tríptico Samuel Beckett”. Na última vez, jantou no agora saudoso restaurante tailandês Koh Samui, de Tom Nando, onde conversou com Edu Cerioni do JundiAqui.

A temporada vai até 3 de agosto – sexta 21h, sábado 17h e 21h e domingo 18h. Ingressos de R$ 60,00 a R$ 200,00 no Teatro Bravos – Complexo Aché Cultural, rua Coropé, 88, Pinheiros, São Paulo.

Grasson é formado em cinema com especialização em artes cênicas pela Nuova Università dell Cinema e della Televisione de Roma, na Itália, e no Centro de Pesquisa Teatral e Teatro-Escola Célia Helena.

Segundo a Jundpédia, “Grasson mudou-se de São Paulo para Jundiaí em 1990, passando a atuar como promotor de eventos culturais. Ministrou vários cursos e oficinas para principiantes na Casa da Cultura e, em 1992, fundou com Celso de Paula e Cláudio Mello a Escola de Arte Dramática de Jundiaí, que depois foi substituída pelo Teatro-Escola Cláudio Mello. Também fez parte da Comissão Municipal de Teatro e foi coordenador da I Semana de Dramaturgia e Teatro. Deixou a cidade em 1995, quando foi alvo de rumoroso processo, devido ao cancelamento da peça ‘Trair e Coçar’, que foi inviabilizada em razão da venda de ingressos em número superior à capacidade do local”.

Foto "A Mulher da Van" é de Gatu Filmes/Priscila Prade