Por Edu Cerioni – Dona Enide Maria Duarte Finardi, aos 79 anos, ganha fama no YouTube como a “Vovó no Piano”.

A avó de Gabriela, Georgia, Giovana, Guilherme e Giulia conta que recebe mensagens de pessoas do Brasil todo e até do estrangeiro dizendo que também queriam ser seus netos, graças aos vídeos que posta toda semana com músicas tocadas no piano.

“Quando entrou a pandemia, essa vovó ficava no apartamento solitária… Como sou formada e trabalhei com música, comecei a gravar no final de tarde alguma coisa no piano. Mandava os vídeos para a família, agradecendo por mais um dia que tínhamos passado com saúde. Peguei gosto e não parei mais”, conta.

E como surgiu o canal? Ela prossegue: “A ideia veio porque comecei a gravar muita música e o celular foi ficando cheio, me obrigando a apagar algumas. Foi aí que uma das minhas netas sugeriu que eu colocasse no YouTube e, pelo jeito, está sendo bem aceito. Tem música que já soma mais de 30 mil visualizações, que é o ‘Trem das Onze’, de Adoniran Barbosa”.

Dona Enide tem um piano eletrônico no apartamento do 12º e último andar no prédio em que mora no Vianelo. Diz que os vizinhos nunca se queixaram, pelo contrário, muitos dão apoio.

Quem a segue? “Gente de toda idade, alguns até de fora do Brasil, que fazem comentários. Tem quem assegura que eu o incentivei a voltar a tocar, outra que diz que virou fã, adoro. São pessoas diferentes e que têm a mesma paixão pela boa música”.

Já são mais de 200 músicas lançadas no canal. Ela diz não ter uma preferida. “Gosto de tudo e de todo estilo, tem sertaneja, MPB, muito samba, bolero e até alguma coisa clássica”, avisa.

A pianista também se apresenta como cantora com o grupo As Atrevidas Cantam, que tem oito senhoras na mesma faixa de idade dela. “Vamos nas casas de repouso, as velhinhas cantando para as mais velhinhas ainda”, diz e solta o riso.

Os ensaios são na casa de uma integrante que tem amplo quintal e onde montam os equipamentos, com caixas de som e tudo, em busca de mais afinação. “Mas o nome já avisa: atrevidas, nada profissional”. Os ensaios já foram em seu apartamento anos atrás. No prédio a artista é também famosa pelo pão e a esfiha que faz e vende a alguns poucos conhecidos – já provei e são deliciosos.

Como tem facilidade, ela tira de ouvido as músicas. E faz assim depois da escolha: “Quando ouço em programa da TV ou no rádio, já marco no papel um pedacinho, daí procuro no Google e coloco no celular para tocar inteira e já faço as notas musicais na pauta, depois escrevo harmonia que encaixe bem e o arranjo acaba saindo na hora”.

Uma curiosidade: o celular é amarrado no mancebo, uma espécie de cabide de braços, para as gravações. “Escolho o melhor jeito para ele ficar parado e saio tocando”.

O filho Angelo e a filha Edileine curtem muito e ela conta a razão: “Eles acham que minha cabeça está boa às vésperas dos 80 anos por causa da música”.

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