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Jundiaqui

 Roveri em 3 atos com Fernanda Torres
28 de fevereiro de 2025

Roveri em 3 atos com Fernanda Torres

Por Sérgio Roveri – Eu tive a chance de entrevistar Fernanda Torres, que neste dia 2 de março concorre ao Oscar de Melhor Atriz, em três ocasiões. A primeira delas, nos anos 90, foi no programa “Roda Viva”, da TV Cultura – pouco antes de ter início a transmissão do programa, descobrimos que fazíamos aniversário no mesmo dia, 15 de setembro. O programa está disponível no Youtube, na íntegra.

A segunda entrevista foi feita alguns anos depois, quando ela trouxe para São Paulo o monólogo “A Casa dos Budas Ditosos”, baseado em um romance do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro. Este espetáculo fez um sucesso tremendo em São Paulo, lotando por várias temporadas teatros imensos, como o Cultura Artística e, antes dele, o Palace, gigantesca casa de shows na zona sul da cidade. Na peça, Fernanda, de vestido estampado e óculos escuros, vivia uma mulher de 68 anos que falava sem nenhum pudor sobre as inúmeras possibilidades do ato sexual. Mais que isso: falava com conhecimento de causa, porque, antes de falar, ela havia vivido todas aquelas experiências.

Por fim, voltei a falar com ela em 2017, por ocasião do lançamento de seu segundo romance, “A Glória e Seu Cortejo de Horrores”, que faz um retrato sem piedade do universo da tevê e do teatro no Brasil entre os anos 1960 e 2010. Algumas das passagens do livro revelam situações vividas pela própria atriz; já outras ela ouviu dos pais, os atores Fernanda Montenegro e Fernando Torres e dos inúmeros amigos atores do casal.

Esta terceira entrevista ela concedeu num apartamento que mantém (ou pelo menos na época mantinha) na rua Oscar Freire, no bairro dos Jardins, em São Paulo, que ela havia comprado do proprietário anterior com todos os móveis e quadros dentro, tamanha foi sua paixão pelo imóvel assim que o visitou.

Nesta entrevista, a atriz revelou que costumava escrever na cama, com o computador no colo, e que estava dando um tempo na yoga em função de uma pequena lesão sofrida semanas antes.

Nas três entrevistas Fernanda Torres se revelou uma atriz inteligente, perspicaz, dona de um raciocínio impressionantemente rápido e bem-humorado.

As duas primeiras entrevistas foram feitas na presença de várias outros jornalistas e assessores. Já na terceira estávamos apenas nós dois. Ela me recebeu às 11 da manhã – se não me engano, eu seria o primeiro de vários jornalistas com quem ela falaria ao longo daquele dia. Normalmente artistas famosos costumam ter um assessor ou um relações públicas por perto quando concedem entrevistas. Fernanda, naquele dia, parecia disposta a encarar sozinha o batalhão de perguntas a que seria submetida durante o dia.

Nestes três encontros, senti que nas primeiras perguntas ela se mostrou um pouco mais reservada, como se estivesse estudando o terreno para saber até onde poderia ir e sobre o que poderia falar. Mas ela sempre precisou de pouco tempo para ficar à vontade e deixar à vontade também o seu interlocutor. Depois desta espécie de aquecimento, a bola começava a correr solta, tornando o jogo extremamente desafiador e apaixonante.

Sérgio Roveri é jundiaiense, jornalista e dramaturgo com mais de 20 textos teatrais, tendo sido indicado três vezes ao Prêmio Shell de melhor autor (venceu pelo espetáculo “Abre As Asas Sobre Nós”). Ganhou ainda o Prêmio Funarte de Dramaturgia pela peça “Andaime” e foi indicado ao Prêmio Governador do Estado pelo conjunto da obra. Já teve peças encenadas em Portugal, Colômbia e Inglaterra.

OBS.: A cerimônia do Oscar, a maior premiação do cinema mundial, acontece neste domingo a partir das 22 horas. O Brasil concorre em três categorias: de Melhor Atriz com Fernanda Torres, e com “Ainda Estou Aqui” na disputa de Melhor Filme e de Melhor Filme Internacional.

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