
Tem Julia Cerione em “Ainda Estou Aqui”
Por Edu Cerioni – Com três indicações ao Oscar, “Ainda Estou Aqui” se torna o maior filme da história do cinema nacional. E tem jundiaiense: Júlia Fernandes Cerione, 28 anos, no som.
Para ela, “esse filme é um portal aberto pra gente olhar a nossa cultura, o nosso cinema e não permitir nunca mais a militarização do país. E é especial o filme ganhar todo esse destaque no Oscar em um momento tão delicado que vivemos, de tanto retrocesso no mundo todo”.
EMOÇÃO – Julia se emociona ao falar do projeto com as pessoas e diz estar “feliz porque é relevante o que estamos fazendo em nome da cultura que é tão pouco valorizada no Brasil”. E prossegue: “Trouxe uma visibilidade gigante a uma triste história da ditadura em um país de história apagada”.
Julia cresceu na Vila Arens e depois morou no Horto Santo Antonio. Estudou na Divina Providência, “que sempre adorei”. Se mudou para São Paulo enquanto cursou Cinema na Faap e depois viveu um tempo no Rio de Janeiro. Já pensa em voltar para a Cidade Maravilhosa em breve.
“Embora jovem, desde 2018 atuo com som em filmes e séries, isso desde que me formei. Fui conhecendo muita gente e acabei levada por cariocas para o Rio, onde me ensinaram muito. E foi neste período que conheci a Laura Zimmerman e ela me abriu as portas para o filme. Aceitei na hora, é claro”. A equipe de som foi formada por três profissionais – também com Toto Grimaldi.
Julia é filha do professor e músico Sérgio Ricardo Cerione, o Pita, e da empresária Luciana Fernandes, e diz que o brilho de “Ainda Estou Aqui” a faz lembrar do saudoso avô. “Quero muito agradecer meu avô, que foi quem sempre me incentivou como um entusiasta da Cultura que era. Lá no céu ele deve estar em festa”, disse sobre José Carlos Cerione.
José Carlos foi batizado com “e” no sobrenome, raridade na família que tem muito mais gente com “i”, como no meu caso – seu pai Vitório era Cerioni, assim como seu irmão Oswaldo, meu saudoso pai.
Julia não vai aos Estados Unidos para o Oscar, mas diz que seu coração está desde já em Hollywood.
OSCAR 2025 – “Ainda estou aqui” foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, algo inédito para o Brasil, e também a Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres. A premiação ocorre em 2 de março.
Fernanda ganhou o Globo de Ouro por sua atuação, um feito único em todos os tempos para o cinema nacional. No Oscar, ela concorre 26 anos depois da indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, por “Central do Brasil”.
Em “Ainda estou aqui” as duas Fernanda atuam como Eunice Paiva, primeiro a filha e depois a mãe já no final de vida da protagonista, essa sem dar uma única palavra, mas com um olhar que diz tudo. Eu vi o filme e daria o Oscar para as duas.
“Ainda estou aqui” conta a história de Eunice pela visão de seu filho, o escritor Marcelo Rubens Paiva. O filme dirigido por Walter Salles mostra a transformação de Eunice de uma dona de casa e mãe de cinco filhos nos anos 70 para uma das maiores ativistas dos Direitos Humanos do Brasil. Uma mulher forte e corajosa mesmo depois de seu marido desaparecer nas mãos da ditadura militar. Até hoje não se sabe o paradeiro do corpo do ex-deputado Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello).
Fotos: Arquivo pessoal e Divulgação
One thought on “Tem Julia Cerione em “Ainda Estou Aqui””
O filme já está o importante na história do cinema nacional. O assunto que mexeu com a vida de duas décadas do país, envolve toda uma geração que está ainda viva. Violência, perseguições e censura foram, que motivaram a cidadania e o amor ao Brasil civil que se levantou. Vale pela história revista, para que as novas gerações saibam que estamos vivendo as consequências e heranças ainda dessa época. O que conseguimos mudar com a atual Carta Magna, de 1988, foi a possibilidade de escolher nossos governantes, mas ainda faltam avanços. Estamos muito orgulhosos desse filme, mesmo que não seja premiados pelo Oscar. Parabéns a todos os envolvidos.