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Jundiaqui

 O bispo é pop
22 de janeiro de 2025

O bispo é pop

Por Edu Cerioni – Dom Arnaldo Cavalheiro, bispo Diocesano de Jundiaí, assumiu o microfone para cantar no aniversário de Ignezinha do Pandeiro no Natura, o bar mais animado da cidade e que completa 38 anos em abril, cheio de histórias.

O bar do Vianelo ficou lotado nos festejos de 93 anos da ex-professora Maria Ignêz de Oliveira Lemi, a mais conhecida foliã do nosso Carnaval e chamada por todos de  Ignezinha do Pandeiro. O aniversário foi dia 8 e a festa dia 17, com Tom Nando e Cia balançando a noite.

Dom Arnaldo cantou “Não Deixe o Samba Morrer”, autoria de Edson Conceição e Aloísio Silva e sucesso na voz de Alcione. Colocou todo mundo pra dançar.

O bispo, que veio para cá em junho de 2022 para o lugar do agora emérito Dom Vicente Costa, tem 57 anos e dia 17 cantou pela terceira vez do Natura.

Na festa de Ignezinha, também foi ao microfone para participar com Tom Nando em uma canção-protesto feita para ele próprio. Com letra de Cristina Castilho de Andrade e música de Tom em parceria com Iliana Mendonça, vai contra as críticas que o bispo recebeu de católicos ditos radicais quando circulou nas redes sociais um vídeo com ele cantando no mesmo Natura semanas atrás.

O músico assegura: “Dom Arnaldo é muito simpático e afinado. Um ser alegre, que cumpre o verdadeiro papel de um homem de Deus, sendo humano e acessível. Tenho certeza que Deus é muito mais feliz o vendo cantar no bar e fica muito triste com os críticos arrogantes que se acham donos da verdade nas redes sociais”.

Ignezinha disse ao JundiAqui que “viveu uma noite de alegria e satisfação por todo o carinho e homenagens recebidas, inicialmente por Solange e Dori, donos do bar e que sempre a acolhem com amor, respeito e cuidado, bem como pela presença de familiares e amigos de toda parte”. E explicou: “Me senti lisonjeada e abençoada com a presença de Dom Arnaldo, que prontamente aceitou o convite que fiz e não mediu esforços para estar presente, após cumprir sua agenda, demonstrando tanto carinho e atenção a todos no Natura”.

Não estive no Natura nos dias que o bispo foi ao bar, mas já ouvi Dom Arnaldo cantando duas vezes, primeiro no velório e depois no enterro de Pedro Fávaro Jr, quando todo mundo foi junto com ele em “Canção da América”, em pleno Cemitério Nossa Senhora do Desterro – “…amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração…”.

VIDA LEVE

Ignezinha prossegue: “Agradeço muito a Deus pelos meus 93 anos com saúde, pela família construída com o Odilon, saudoso eternamente, pela legião de amigos conquistados ao longo da vida e por ter conseguido com meu pandeiro levar alegria a muita gente. Com ele, vivo a vida com muita leveza, mesmo frente aos momentos difíceis e tristes pelos quais passei”. Ela foi casada por mais de sessenta anos com Odilon, falecido em dezembro de 2019.

Moradora da rua Senador Fonseca no Centro e que de carona em carona não perde uma roda de samba, ela faz questão de lembrar que ficou muito feliz pelo fato de já iniciar a comemoração dos seus 93 anos no dia 16, com som da Trupe do Samba no mesmo Natura. “Um pessoal que sempre me prestigia e que me presenteou no ano passado com a camiseta do grupo, pois sou considerada integrante, uma honra”.

HORS CONCOURS

Ignezinha foi homenageada por Erazê Martinho, criador do bloco Refogado do Sandi, em 2005, como Hors Concours do Carnaval. Depois disso, teve dois dos sambas do Refogado que falam dela, o de 2008 que diz “ó minha professorinha, o teu sorriso nos contagia” e o de 2015, “de janeiro a janeiro, Ignezinha do Pandeiro”, enaltecendo seu fôlego de campeã. Ela desfilou até doente, de capa plástica e com a filha Maria Carmo, que é funcionária da Paróquia Santo Antônio, no Anhangabaú, a acompanhando o trajeto todo com um guarda-chuva.

Fez aulas de piano por sete anos, entre infância e juventude, mas foi pelo pandeiro que se apaixonou. Ignezinha é também Rainha Eterna do bloco da Ponte Torta.

ÊTA, BAR BOM!

O nome Natura veio desde um outro dono e em prédio na frente do atual, na Rua Silva Jardim, 183, Vianelo, funcionando de quarta a domingo, a partir das 18 horas. Era uma casa de suco quando o casal Dori e Solange Alexandre a comprou em 1987. Os anos correram e as cervejas mais ainda, regadas a muita MPB. É ponto de encontro de gerações, onde o Carnaval sempre começa e nunca termina.

Aqui, listo coisas que fazem do Natura um bar especial na vida de muito jundiaiense… Sabe por quê?

1) Porque a música está em seu DNA e o bar se abre a nomes como Tom Nando, Eloy, Wandão, Ed Tan Tan, Antunes Nasser, Almir, Orlando Marciano e tantos outros;

2) Porque é ali que dona Ignezinha toca, de fevereiro a fevereiro, animada o seu pandeiro;

3) Porque foi palco para o saudoso Teddy Milton, único da história de Jundiaí a liderar as paradas de sucesso no Brasil, isso com “A Casa do Sol Nascente” em 1965;

4) Porque tem o X-Hélio, lanche que foi uma invenção deixada de herança por Hélio Luiz Lorencini, icônico sanduíche que leva três camadas de salaminho bem fininho, três de provolone, além de alface e tomate no pão francês. Pode ser quente ou não. O radialista sabia das coisas…;

5) Porque é a casa do bloco de Carnaval Ponte Torta, que inclusive começou e terminou desfiles memoráveis ali anos atrás;

6) Porque abriga o povo do Refogado do Sandi, do qual Solange se tornou Rainha Hours Concours;

7) Porque se abre para deliciosas feijoadas dos carnavalescos do Afro Kekerê;

8) Porque era onde Rudy se apresentava e reunia os amigos para lembrar Elvis;

9) Porque é onde todo aniversariante se sente acolhido – eu que o diga;

10) Porque é tradição rolar uma festa junina (ou mesmo que seja festa julina). e mais: porque tem um halloween de arrepiar;

11) Porque suas cadeiras nas calçadas estão sempre cheias de amigos;

12) Porque a casa te abraça;

13) Porque ali cabem todas as tribos;

14) Porque não existe Terça-Gorda de Carnaval mais animada na cidade;

15) Porque até tapete vermelho estende para receber o povo nas grandes festas;

16) Porque a Solange sabe como ninguém como dar atenção e carinho ao freguês;

17) Porque a diretoria não tem mesa ali, mas sim um balcão inteiro e no qual todos se sentem membros dela;

18) Porque sempre tem gente nova no pedaço;

19) Porque o preço é justo; e

20) Porque o Dori pode varrer pra cá e pra lá na madrugada, mas nunca o pé do último freguês.

Fotos: Arquivo JundiAqui e Facebook
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One thought on “O bispo é pop

Reportagens ótimas e eu que morro de curiosidade em conhecer o Natura, fiquei ainda mais curiosa !!!

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