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Jundiaqui

 Benassi beliscava uva na parreira
21 de janeiro de 2024

Benassi beliscava uva na parreira

Filho de agricultores, André Benassi teve a honra de estar à frente de Jundiaí em cinco edições de Festa da Uva. Essa de 2024 é a 39ª realizada em 90 anos, desde 1934 para cá.

Doutor André, como ficou conhecido, comandou a cidade em duas oportunidades: primeiro o ex-vereador, em duas legislaturas, foi eleito prefeito em 1983 e dirigiu Jundiaí até 1988 e depois novamente em 1993, desta vez até 1996. Na segunda vez, abriu mão do mandato de deputado federal para concorrer à reeleição, ganhar e voltar à terrinha. Tinha ido para Brasília com uma única mala de mão e morava em hotel, como recordou.

Nessa época de Benassi prefeito, a festa era a cada dois anos – anos pares – diferente do que acontece desde 2016, quando passou a ser um evento anual.

Em “André Benassi – A política como missão”, biografia escrita pelo jornalista Ricardo Viveiros, obra de 192 páginas lançada em outubro de 2023, o ex-prefeito conta detalhes sobre sua vida em família tradicional no ramo de frutas, que começou com banana e ganhou o mundo graças a uva, e também fala do orgulho por ter colaborado para melhorar a vida dos agricultores.

DOCES PALMADAS – A primeira lembrança de uva que Benassi tem, como contou rindo muito agora aos 86 anos, vem da infância, coisa de 6 ou 7 anos de idade. Coisa de moleque arteiro que acabou levando umas palmadas. E merecidas, como reconhece.

Foi assim, em suas palavras: “Meu pai e os irmãos mais velhos vinham trocando os pés de café por uva, uma agitação. As primeiras parreiras a darem fruta ficavam na parte baixa do sítio no Engordadouro, perto do córrego, descobri que eram as mais docinhas também. Foi ali que descobri que amadureciam primeiro e não tive dúvida em pegar alguns grãos daqui, outros dali e mais alguns adiante. Fiz isso outra vez, mais outra e assim foi, isso até que em um jantar meu pai decretou: ‘Temos que achar essa galinha que vem beliscando os cachos, porque estraga tudo, dá prejuízo’. Ninguém se manifestou, menos ainda eu. Passado algum tempo, uma tardinha eu acabei vomitando toda a uva que comi e ali foi revelado quem era a galinha”.

O doce e o perfume da uva dos tempos de criança, Benassi diz guardar na memória. Para ele, não há cheiro igual ao da Niagara Rosada no mundo. E vai além: “Nossa uva tem sabor de Natal”.
Seu João e dona Angela tiveram sete filhos: pela ordem, José, Terezinha, André e Antonio, Nenê, Mário e Sérgio. Antonio, já falecido, era gêmeo de André. O caçula Sérgio, 71 anos, se disse orgulhoso no lançamento do livro: “O André foi um líder de importantes grupos para o desenvolvimento da Jundiaí como ela é hoje”.

Antes de ser político, André Benassi, nascido em 1937, ajudou na vendinha, foi aprendiz de alfaiate, trabalhou em fábrica de escovas, em escritório de contabilidade, em cerâmica, até que aos 23 anos entrou para o Banco Federal de Crédito, depois rebatizado para Banco Itaú. Enquanto bancário conseguiu fazer faculdade e se tornou advogado, defendendo processo de bancários, o que o levou a ser sindicalista e mais à frente vereador, prefeito e deputado. Como frisa Viveiros no livro, “um político ficha limpa”. E mais: um exemplo de superação.

NO CAMINHO TINHA UM ESPINHO – De volta aos tempos de agricultura familiar, ele conta que chegou a amarrar uva no arame, contudo foi por duas temporadas somente. Aos 9 anos sofreu um incidente que mudou os rumos de sua vida e ele assegura que a de muita gente, “porque sempre tive humildade e sempre trabalhei para o bem comum, muito disso acredito que em razão dos anos de desafio que encarei para poder voltar a andar, que me fizeram refletir sobre as oportunidades que não são iguais para todos. Assim, me dediquei aos mais pobres”.

Depois desse momento delicado no ano seguinte ao final da Segunda Guerra Mundial, tempo de transformações, só pôde ficar na retaguarda, ou seja, na montagem das caixas que iriam ser colocadas à venda. A explicação para ficar de fora do trabalho sob sol e chuva na colheita em mutirão que se formava entre os Benassi desde os primeiros dias de dezembro e até finais de janeiro do ano seguinte: saúde debilitada.

É que André Benassi ficou com uma perna, a direita, mais curta que a outra por causa de uma ostiomietite. Relembra no livro que foi brincar em um riacho e pegou um espinho, sem contar para dona Angela ou qualquer outra pessoa. E isso foi a porta de entrada para uma infecção que o deixou 45 dias no hospital, a Casa de Saúde Dr. Domingos Anastácio, e dois anos sem poder andar. Foi morar com tios “na cidade”, onde a assistência era mais acessível, e se dedicou com afinco aos estudos, voltando para a zona rural só nas férias. Atualmente, só a sobrinha Virgínia mantém uma pequena plantação de uva para não deixar acabar a tradição dos Benassi.

CINQUENTENÁRIO – Na comemoração dos 90 anos, André Benassi fala da festa dos 50 anos que presidiu, isso em 1984. Foram dez dias e seu governo aproveitou para promover a Jundiaí agrícola e cultural que poucos conheciam. Além do Parque da Uva, teve ações no Museu Ferroviário, no Solar do Barão e no Centro das Artes. Lembra que ofereceu medalhas comemorativas e mais importante: “Graças à mobilização da Prefeitura de Jundiaí em parceria com a Associação Agrícola, o retorno foi acima do esperado e do apurado nos anos anteriores. Os ganhos todos foram distribuídos entre as comunidades que haviam participado da festa e aplicados em equipamentos e ações sociais. Os bairros rurais receberam um importante empurrão social e econômico”. Destaca em seus comentários os secretários de abastecimento à época Jacó Carbonari e Renê Tomasetto e o presidente da associação Flávio Ceolin.

 

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