O Brasil comemora agora em 2024 os 150 Anos de Imigração Italiana. É o oficial. Uma data que vem sendo muito festejada e que serviu para despertar o interesse de muitos pela história de seus “noninhos”. E isso trouxe descobertas que mostram italianos aqui antes de 1874, inclusive em Jundiaí.

O empresário Sérgio De Porto, por exemplo, vem buscando documentos que mostrem quando seus antepassados chegaram na cidade. Ainda não obteve sucesso na empreitada, mas uma certeza ele já tem: foi antes de 1865. Explica-se: neste ano nasceu em Jundiaí seu tio-avô Carlos Del Porto, filho dos italianos José Pedro e Maria Rosa.

Sérgio apurou que o nascimento de Carlos foi em 11 de junho de 1865, portanto há 159 anos. Até então, imaginava-se que fosse em 1870, como aparece nos registros do Cemitério Nossa Senhora do Desterro – ainda assim antes do desembarque do navio “La Sofia”, o marco da imigração há 150 anos.

Carlos foi comerciante que ajudou a criar a agora centenária Associação Comercial e Empresarial (ACE), sendo seu primeiro vice-presidente. Herdou do pai a Casa Del Porto de tecidos e armarinhos que funcionou até 1950 na rua Barão de Jundiaí.

Foi também juiz de paz e destacado político, como vereador e intendente municipal (como se fosse o prefeito hoje) de 23 de novembro de 1898 a 7 de janeiro de 1899, ano da Proclamação da República, quando foi ao Rio de Janeiro. Sua luta pelo fim do Império lhe valeu a nomeação de capitão da Guarda Nacional (depois major e tenente-coronel).

“Como se vê, ele era muito influente na virada so século e nos deixa imaginar que ajudou na chegada dos grupos de italianos na Colônia. Não encontro registros, mas isso não me sai da cabeça”, diz Sérgio.

São cerca de 14 milhões os que vieram da Itália para viver em nosso país, muitos com histórias parecidas e que ainda precisam ser contadas.

NA HISTÓRIA

1842 – Trabalhadores manuais italianos vêm para cá, estimulados com o casamento de Dom Pedro II e Dona Tereza Cristina de Bourbon, irmã do Rei das Duas Sicílias.

1850 – Brasil cede à pressão da Grã-Bretanha e interrompe o tráfego escravocrata. Muitos fazendeiros vão à Europa buscar mão-de-obra, dividindo despesas de viagens com interessados.

1860 a 1869 – Um total de 4.916 italianos chegaram ao Brasil.

1874 – Em 21 de fevereiro, chega ao Porto de Vitória, no Espírito Santo, o navio “La Sofia”, com cerca de 400 italianos, o que marca o início oficial da imigração.

1876 – Governo Imperial organiza e normatiza a instalação de núcleos coloniais, o que dá início ao assentamento planejado no país.

1880 – Província de São Paulo assume as despesas para vinda e estrangeiros.

1887 – Em 24 de setembro chegam ao Núcleo Colonial Barão de Jundiaí 22 colonos italianos. Em novembro já eram 99 imigrantes ali.

1888 – Em 16 de maio, Câmara aprovou “o envio de telegrama congratulatório à Augusta Princesa Regente em regojizo pela Lei Áurea de 13 do corrente, que fez do Brasil uma pátria livre”.

1890 – Câmara Municipal aprova que a Intendência Municipal reivindique ao ministro da Agricultura que mais terras unidas ao núcleo colonial sejam compradas para atender os muitos pedidos de lotes que vem recebendo.

1891 – A Intendência Municipal reivindica ao Congresso do Estado a criação de escolas do sexo masculino e feminino no núcleo colonial.

1892 – Em 18 de janeiro, sessão ordinária da Câmara, Ricardo Pucelli liderou grupo de imigrantes que foi reivindicar posse de terrenos no núcleo colonial. Alegaram que vieram confiando na promessa de terras para lavoura, o que não foi concedido até então.

1899 – Câmara aprova proposta do vereador Arthur Rodrigues e cria o posto de fiscal para o Núcleo Barão de Jundiaí. O salário? 60$000 réis.

1902 – Governo de Roma proíbe emigração subsidiada, ou seja, italiano deveria pagar do bolso para vir ao Brasil, reduzindo muito os desembarques.