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Jundiaqui

 DIA DA MULHER – Marilzes Petroni e suas “Asas da Liberdade”
2 de março de 2021

DIA DA MULHER – Marilzes Petroni e suas “Asas da Liberdade”

O voo de sua imaginação não tem limites e leva sua arte ao mundo todo

Edu Cerioni

Em tempos de pandemia do novo coronavírus, o mundo todo se sente aprisionado. Marilzes Petroni não é exceção, mas de seu ateliê, que fica na casa em que mora, abre as asas da liberdade em inúmeras criações. São diferentes linguagens, materiais e propostas que têm em comum um elemento alado que lhe permite – e o mesmo sente o apreciador de sua arte – fazer um voo livre, leve e belo.

A pintura de Marilzes tem vitalidade. Sua energia é marcante nas gravuras, desenhos e esculturas. A imaginação corre solta nas colagens e lhe abre infinitas possibilidades quando se põe a reciclar e dar vida nova a peças de ferro, plástico, vidro etc. São muitas faces de uma artista que tem livros, inclusive infantil, faz poesia e, essa talvez a maior surpresa para muitos que estão lendo agora, já compôs mais de cem letras de músicas.

Boa dose dessa inspiração vem do lugar em que vive ao lado do marido Ivo, na divisa de Jundiaí com Itatiba. Sua grande casa se transformou em um grande ateliê e que facilmente transforma-se em um pavilhão de exposição. Fica em meio a uma grande área do casal e adquirida para a preservação da mata nativa e que abriga algumas obras bem surpreendentes.

O passeio entre árvores permite a leitura de poesias pelo caminho, apresenta obras esculpidas em concreto ou feitas da junção de pedras. Tem as asas da liberdade em pequenos e grandes formatos em peças que retirou do ferro-velho ou das ruas. Tem olhar atento para criar em cima do que muitos tratam como lixo.

Um exemplo é o chifre de um alce que achou na Itália, trouxe na mala embrulhado nas roupas e que agora se mostra uma luminária. E avisa: nos desmanches, aquilo é tralha até ela colocar os olhos e gostar, porque depois exige tratamento especial da peça, com todo cuidado no transporte.

Transporte esse que lhe permitiu reunir nada menos do que 4.200 garrafas vazias de vinho e que acabaram formando as paredes de uma cabana para descanso em meio às trilhas. Destas, 285 garrafas têm em seu interior um pensamento escrito por Marilzes, numerados e distribuídos de modo aleatório. “As pessoas pegam um e normalmente adoram, porque acreditam que as palavras foram escritas exatamente para aquele momento dela. É muito legal”, diz a artista que foi professora do Sesi.

Ela pensa em fazer um livro com estes pensamentos. Eu tirei o seguinte: “Nº 200 – A verdadeira amizade é a conquista de um território no coração, e quando se toma posse nunca mais se erradica”. Foi devolvido à parede para que outro o escolha um dia.

Às vésperas dos 79 anos – faz aniversário em 11 de março -, Marilzes se mostra muito a vontade nos passeios que são praticamente diários. Quando tem companhia de algum amigo, vai contando momentos marcantes de uma carreira de quase 50 anos e que a teria levado novamente à Europa em 2020, não fosse toda essa mudança em nossas vidas imposta pelo vírus mortal da Covid-19.

Nos anos anteriores, viajou muito, muito mesmo. Mais do que ela somente seus trabalhos, que estão em galerias de Nova York, Paris, Veneza, Berlim, Singapura etc. Exposições são incontáveis dentro (como no Sambódromo carioca) e fora do Brasil (também na Holanda, Espanha, Argentina, Uruguai, Chile e México, um total de 12 países).

Com a primeira pintura, isso em 1973, Marilzes ganhou o primeiro lugar em desenho no concurso da Escola de Belas Artes do Paraná. Nunca mais parou de pintar e foi descobrindo outros talentos no túnel do tempo, onde cabem dezenas de nus.  E revela que nasceu para a arte, mas na infância queria mesmo é ser uma bailarina – mantém a silhueta até hoje.

Ela conta que morou no Rio de Janeiro, em Salvador, no Recife e em Londres, na Inglaterra, antes de se fixar aqui.

Dentro da casa-ateliê-galeria se vê de tudo um pouco das diferentes fases criativas de Marilzes, que a pedido de uma galeria para apresentar seu auto-retrato não teve dúvidas de fazer uma escultura com colagem de um lado e uma pintura do outro. “E dentro da cabeça não coloquei, mas com certeza teria poesia”. Um retrato seu em exposição foi feito pelo amigo Kubo.

Na parte reciclável, uma antena parabólica foi coberta de sisal e ganhou uma habitante desenvolvida a partir de um manequim descartado por uma loja do Centro. Marilzes conta que muitas pessoas já se ‘esconderam’ ali para surpreender convidados em suas vernissages, saindo ao som de músicas e com diferentes fantasias. Ela mesmo já saiu bailando. “Aqui a imaginação não tem limites”, avisa o marido Ivo, que já foi secretário de Cultura de Jundiaí. São 64 anos juntos, sendo 53 de casados. “Uma parceria que deu certo, mesmo sendo totalmente diferentes, tipo óleo e vinho”, diz ela, entre risos.

Dos livros, destaca o infantil “Os Presentes de Uma Estrela” e a trilogia “50 Anos de Poesia”, dividido em três volumes: “Incertezas e Constatações”, “Vivências” e “Reflexões”.

Martilzes é da diretoria do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, representante brasileira do “Anuário Latino-Americano de Artes” há 30 anos e é verbete das “Enciclopédia Cultural Itáu” e “Enciclopédia Cultural De Paula”. É vista como uma artista que equilibra a sua linguagem entre o rigor do sistema geométrico e a expressividade das cores do Brasil.

A última mostra que participou foi sobre a Serra do Japi. E logo virá com novidades. Inquieta, contra ter se arriscado no grafite. Um orgulho foi ter produzido o desenho do selo comemorativo aos 100 anos da Avenida Paulista, em São Paulo, indicação da saudosa Mariazinha Congilio.

Aqui um convite para o passeio pelo mundo de Marilzes:

Fotos: Edu Cerioni

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