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Jundiaqui

16 de agosto de 2018

Jundiaí precisa de arquivo de imagens e sons

Por José Arnaldo de Oliveira

Um assunto de que já falei muito, em artigos ou intervenções em conferências culturais, é a necessidade de Jundiaí contar com um arquivo de seus compositores musicais – e também de seus filmes. É um assunto de pouco apelo político porque a maioria dos próprios jundiaienses desconhece o tamanho de sua arte acumulada.

Pois não é que o tema voltou em uma palestra no sábado (11) com o especialista em musicologia Paulo Castagna, da UNESP, convidado pelo Conselho Municipal de Cultura?

Falando sobre o aspecto musical, ele mostrou que é um trabalho grande. O som não pode ser guardado diretamente, mas em suportes como a memória, a partitura, o disco em vinil de 78 ou 45 rotações, o arquivo digital em CD. E cada um deles está espalhado com pessoas, famílias, instituições, nas mais diversas condições de conservação. Falta a terceira parte, os acervos arquivísticos para as pesquisas e para a continuidade.

Mas é preciso começar por algum lugar. Em São Paulo, essa tarefa é encarada por órgãos públicos (como na parceria da Unesp com o Centro Cultural São Paulo sobre as gravações de rolo) ou por fundações privadas (como o Instituto Moreira Salles e outros). O próprio professor mostra que existem muitos exemplos (veja).

No caso de Jundiaí, assim como no cuidado com os filmes de curta ou longa metragem produzidos aqui desde pelo menos a década de 1930 (com o primeiro faroeste brasileiro), defendo muito a questão musical. Temos compositores desde o século XIX, lembro que uma parte deles reunida em 2014 no espetáculo Jundiaí In Concert, liderado pelo Coral Divino Em Canto. E gravações independentes, feitas em todos os gêneros, estão espalhadas com pessoas de todos os lados da cidade.

Muito boa a indicação do palestrante feita pelo Daniel Motta. A palestra acabou fazendo parte da programação do Mês do Patrimônio, mas extrapola este ou aquele evento. Deveria ser uma das causas importantes para todos. E começar por algum apoio institucional e por um plano organizado de metas a partir do recebimento de cópias de partituras, discos, CDs e depoimentos dispersos por toda a cidade.

Sempre foi curiosa a aparência em Jundiaí de como uma cidade extraordinária era meio que oculta por uma cidade indiferente. Não sei dizer se isso mudou muito, mas certamente tem muita gente notando a primeira situação, mesmo em uma fase complicada.

Em tempo: na imagem acima, a partitura de “Meu São Paulo”, composição da autora jundiaiense Haydée Dumangin Mojola para os soldados e voluntários da cidade na Revolução de 1932.

José Arnaldo de Oliveira é sociólogo e jornalista

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