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Jundiaqui

 Livro emociona com a riquíssima história de Jundiahy
25 de fevereiro de 2018

Livro emociona com a riquíssima história de Jundiahy

Por José Arnaldo de Oliveira

O lançamento do segundo volume de “Villa Fermoza de Nossa Senhora do Desterro do Matto Grosso de Jundiahy, da Capitania de São Vicente”, no formato de um grandioso trabalho de mais de 340 páginas do nonagenário arquiteto Roberto Franco Bueno, é um legado ao mesmo tempo histórico e de amor à cidade.

Focado no período entre 1800 e os tempos atuais do século XXI, o livro mescla trechos onde busca mais rigor com outros marcados por surpresas que incluem artistas célebres, ilustrações de apoio e outros trabalhos de pesquisa. Como diz o próprio autor, se os dois primeiros séculos entre os anos 1600 e 1700 eram alvo do primeiro volume formavam uma vila colonial (uma das primeiras do país), agora trata-se muito de sua história urbana.

“Eu sempre disse que a maior piada de todos os tempos era a descoberta do Brasil pelo Cabral, sendo que mapas da costa já existiam antes disso. Agora temos como grande ponto de partida a fuga da Corte, de Portugal para o Brasil, forçada pela chegada das tropas de Napoleão”, comenta Roberto Franco Bueno.

Ele passa com alto volume de citações e surpresas ao leitor pelos tempos do Império, do café, da escravidão e abolição, dos imigrantes, das duas fases de industrialização, das greves operárias, dos avanços tecnológicos, dos costumes das ruas, da paisagem e sempre das curiosidades de cada assunto.

Um desses casos é a descoberta de potes de moedas antigas em algumas construções que foram demolidas ao longo do tempo, indicando que a vila (e depois cidade) era muitas vezes ponto de depósitos clandestinos de riquezas, muitas delas acumuladas nas áreas de mineração. Nos caminhos para Minas, a cidade era também um dos pontos de abastecimento e equipagem de tropas de cavalos e mulas vindos da região sul.

Se no primeiro volume ele conta como o córrego do Mato perdeu parte de sua água com o desvio de afluentes na região do Largo Santa Cruz e Bela Vista, desta vez mostra também como a retificação do rio Jundiaí na década de 1950 permitiu a ocupação de suas várzeas com novos bairros – e cita exemplos como a hoje pouco conhecida Vila Margarida.

Com rara erudição, Roberto Franco Bueno compartilha com o leitor uma ampla gama de assuntos e rememorações, em alguns casos acrescentando trechos que iluminam o assunto como um poema de Roque de Barros ou um estudo de Eduardo Carlos Pereira e Elizabeth Fillipini – e assim por diante.

O caudaloso rio de informações, observações e até um tanto de sentimentos nas entrelinhas faz do segundo volume da obra desse autor uma oportunidade para jundiaienses, especialmente os mais novos ou radicados na cidade há poucos anos, entenderem um pouco mais de sua riqueza histórica e da paixão de muitos de seus moradores pela terra que tem provavelmente mais de 400 anos de ocupação e milhares de anos nos vestígios arqueológicos descobertos nela.

A publicação é da editora In House e deve ser encontrada, além das boas casas e livrarias do ramo, em pontos tradicionais do autor como o Restaurante Dadá.

José Arnaldo de Oliveira é sociólogo e jornalista do site Jundiahy

Veja também: Roberto Franco Bueno lança livro que começou a escrever em 1957

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