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Jundiaqui

 Grazie mille Inos!
17 de setembro de 2025

Grazie mille Inos!

Por Edu Cerioni – O italiano mais jundiaiense de todos faleceu neste 17 de setembro de 2025, uma quarta-feira de cinzas, por falta do colorido do nosso mestre da pintura Inos Corradin.

Nascido em Vogna, em 1929, Inos veio ao Brasil e parou em Salvador, na Bahia, mas logo depois encontrou seu porto-seguro aqui em Jundiaí, isso nos anos 50. Nunca mais deixou nossa cidade, de onde exportou sua obra para dezenas de países.

Os quadros de uma sensibilidade enorme e uma marca só sua estão espalhados por galerias de arte e casas de colecionadores do mundo todo.

“Técnica, ele dizia, se aprende, mas, para ser artista de verdade, é preciso mais, precisa ter sentimento”.

 

Nas conversas que tivemos em vinte anos – me foi apresentado pelo saudoso Picôco Barbaro em 2005, quando eu era editor do jornal “Bom Dia” e nosso papo seguiu nestes últimos anos de JundiAqui -, ele sempre avisava que arte não é matemática, portanto não se prendia a detalhes de quantos trabalhos fez ou se tinha planos para realizar, nem o número de exposições e prêmios que acumulou.

Para Inos Coradin, o que contava mesmo era o momento, a inspiração que lhe foi dada como um dom divino. E ele não gostava de perder um dia sequer para soltar sua criatividade, assim criou incontáveis obras. Pinturas e esculturas que mexem com quem as vê.

Em seu ateliê, na Chácara Urbana, o colorido saltava aos olhos. Com sotaque carregado do italiano, mesmo distante da terra natal por décadas e décadas, entre uma pincelada e outra, ele costumava contar histórias que se passaram em diversos lugares marcantes em suas memórias. Na Itália, tinha carinho especial pelo mural alusivo aos mártires da resistência italiana que pintou em Castelbaldo, Padova, em 1947.

Já expôs em países da América do Sul e do Norte, do Oriente Médio e da Europa e da Ásia sua arte figurativa, de paisagens, naturezas-mortas e figuras estilizadas com cores e tons iluminados.

Inspirou o livro “Bambino Inos”, infantojuvenil, que une pintura e poesia bilíngue português e italiano. O livro foi uma publicação da Editora Libri com poesias de Flavia Ceccantini, como esta: “Ser mágico ou ser marinheiro? Ser pipoqueiro ou ser pedreiro? Ser pintor ou ser poeta? Ser você mesmo ou ser diferente?” “E também por mim Jundiaí se fez grande” levou um pouco sobre Inos para as telas, dentro do projeto “Cine Memória”, com gravações feitas pela TV TEC.

Foi tema da Escola de Samba X9 Paulista, que brilhou no sambódromo da capital em 2017. Depois, Inos Corradin ganhou 200 aliados na luta pela recuperação de sua saúde e foi homenageado no festival de encerramento do ano da Casa da Fonte e das escolas Cleo Nogueira Barbosa, Ivo de Bona, Dom Joaquim Justino Carreira e Alessandra Cristina Rodrigues Pezzato, com dança, canto e poesias durante o espetáculo “A arte da vida do Brasil e da Itália com Inos Corradin”, no Teatro Polytheama. Deu certo e ele ainda viveu mais 5 anos.

Em Jundiaí, tem Inos em exposição permanente na Pinacoteca Municipal Diógenes Duarte Paes, no Centro, reunindo os quadros que antes ficavam no Velório Municipal e outras obras mais. Também embeleza a Estação Rodoviária. Chegou a ter um trabalho exposto na avenida Jundiaí, em frente ao Parque Comendador Antonio Carbonari, mas que foi transferido ao Parque da Cidade.

No hall do anexo da Câmara Municipal, há uma escultura de Inos para visitação gratuita também. “O Vereador Atleta” fica sobre um púlpito de mármore e exibe na mão esquerda os cinco anéis olímpicos e, na direita, o globo terrestre. A curiosidade é que ele veste um elegante terno. A obra é para homenagear o ex-vereador Carlos Úngaro.

Inos foi generoso e participou de todas as edições do Amigo Secreto dos Artistas Plásticos de Jundiaí que organizei, primeiro pelo “Bom Dia” e depois aqui no JundiAqui. Doou obras que foram revertidas em dinheiro para instituições de caridade da cidade.

Também participou da mostra “Bolas da Copa do Mundo”, em 2018, na capital. Fez a “Bola Equilibrista”, na qual usou as cores de seus dois países, de nascimento e coração, verde, amarelo, vermelho e branco – foi exposta ao lado do Metrô República. Outra ação em São Paulo que esteve participando foi a “Art of Love”, com esculturas em formato de coração.

O JundiAqui acompanhou as exposições de Inos desde seu início e até a despedida. A primeira cobertura foi na capital, em agosto de 2015, que atraiu muitos jundiaienses (na foto acima, eu Picôco e Wagner Ligabó). A última foi já sem ele, muito debilitado para comparecer ao Mondo Tebas, no último dia 20 de agosto, mostra com curadoria de Sandra Setti.

Inos deu adeus aos 95 anos; a data de nascimento é 14 de novembro de 1929. Foi casado com Helena, que faleceu em 2022, com quem teve os filhos Paola, Sérgio e Sandro, que também é artista plástico.

O velório seguido de enterro será no Cemitério Parque dos Ipês, nesta quinta (18), das 11h às 15h.

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