Jundiaiense foi o pai do “chiclete cuiabano”
Fábio Galvani era pesquisador da Embrapa Pantanal nos últimos 17 anos
Graduado em Química, com mestrado e doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais, Fábio Galvani dominava como poucos as áreas de Agroenergia, Química, Fibras Naturais, Nanotecnologia e Gestão Ambiental. Era pesquisador “A” na Embrapa Pantanal.
No Mato Grosso do Sul era idolatrado por sua contribuição para despertar o vasto potencial da bocaiuva. Ajudou extrativistas de comunidades tradicionais e no fortalecimento e desenvolvimento da cadeia de forma sustentável para que fosse possível alcançar o maior aproveitamento dos potenciais do fruto.
O jundiaiense entrou em férias e voltava para visitar a mãe em Jundiaí quando o carro que dirigia se envolveu em acidente com um caminhão. Morreu Fábio e sua esposa dele, a dentista Dora Androlage, ambos de 52 anos. O adeus foi na BR-262, entre os municípios de Aquidauana e Miranda (MS), dia 22 de janeiro de 2022.
Fábio deixa um vasto material de pesquisa registrado em artigos, com tradução para diferentes idiomas de projetos sobre fibras, biomassa e nanotecnologia. Era também Auditor Líder Série ISO 9000-2000 pela Bureau Veritas Quality International (BVQI), certificado pela International Register of Certificated Audiditors. Fábio também era presidente da União Espírita Corumbaense (UEC).
COQUINHO SAGRADO
A pesquisa de Fábio foi fundamental no projeto “Desenvolvimento tecnológico do sistema produtivo sustentável da macaúba (Acrocomia aculeata) no Pantanal do Mato Grosso do Sul”, com o qual foi possível desenvolver tecnologias que contribuíssem para o aproveitamento sustentável do coquinho da bocaiuva e ajustar protocolos de processamento.
Os conhecimentos foram aplicados na comunidade Antonio Maria Coelho, em Corumbá (MS), que atualmente é referência no processamento e comercialização de produtos derivados dessa palmeiras que chega a 25 metros de altura. Por meio da sua dedicação ao estudo da cadeia da bocaiuva, o pesquisador também transformou vidas.
A Bocaiúva é uma palmeira existente em todo o Brasil, mas é mais comum no Cerrado brasileiro. Em Mato Grosso é muito utilizada para a culinária. Na capital mato-grossense, é conhecido como “chiclete cuiabano” por ter a polpa grudenta. Além dos frutos, toda a planta serve para algum tipo de proveito doméstico.