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 Economia enfrenta revolução ESG
16 de março de 2022

Economia enfrenta revolução ESG

Por José Arnaldo de Oliveira e Patrícia Polli 

O uso de bens intangíveis no cenário de mudanças climáticas é uma onda crescente na economia. Os serviços ambientais, especialmente carbono, são essenciais nesse campo.

É preciso notar que fundos de investimentos globais exigem cada vez mais adequação das empresas e suas cadeias produtivas ao movimento ESG, iniciais em inglês para ações no ambiente, no social e na governança corporativa.

Mas, ainda sem padrões consolidados, tal movimento enfrenta a barreira do “greenwash”, com dados falsos ou apressados que podem voltar-se como efeito negativo para as próprias empresas.

Os créditos de carbono, por exemplo, apressam sem regulação internacional um mercado voluntário que lembra as bolsas de commodities, onde o preço da tonelada de carbono equivalente varia a cada dia.

Um hectare primário de Mata Atlântica, segundo algumas estimativas, pode chegar a até 500 toneladas de carbono equivalente. Na Amazônia, até 300 toneladas por hectare.

Se grandes consultorias movem esse mercado, ainda geram-se dúvidas sobre a pouca informação de pequenos proprietários ou populações tradicionais na negociação de direitos – e riscos como a apropriação de terras públicas ou camponesas.

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Mas o carbono, tanto na conservação como no sequestro de plantio, é apenas um dos serviços ambientais, mesmo sendo promissor como negócio de certificados na compensação de emissões de gases estufa. Os serviços ecossistêmicos são mais amplos – e incluem água, sociobiodiversidade, clima ou beleza cênica na equação.

O ESG, como um novo instrumento de gestão, deve mapear riscos e oportunidades – inclusive de inovação, desde empresas grandes até, por cadeias produtivas, pequenas.

O E, de ambiental, pode abranger resíduos, efluentes, energia, emissões atmosféricas e recursos naturais. O S, de social, envolve diversidade na equipe, direitos humanos e relações com comunidade, funcionários e clientes. E o G, de governança, inclui a diversidade no conselho, a transparência e a relação com poder público.

Cada empresa adapta sua realidade e seus impactos positivos e negativos. Mas há referências. As principais são o Pacto Global e a Agenda 2030, ambas das Nações Unidas.

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O Pacto Global tem dez princípios:
⦁ Proteção dos direitos humanos
⦁ Sem violações a esses direitos
⦁ Liberdade de associação
⦁ Sem trabalho forçado
⦁ Sem trabalho infantil
⦁ Sem discriminação
⦁ Abordagem ambiental preventiva
⦁ Promoção da responsabilidade ambiental
⦁ Incentivo a tecnologias amigáveis
⦁ Combate à corrupção.

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A Agenda 2030, por outro lado, tem 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), cada um com suas metas. São eles:
⦁ Erradicação da pobreza (seis metas)
⦁ Combate à fome e agricultura sustentável (cinco metas)
⦁ Saúde e bem-estar (nove metas)
⦁ Educação de qualidade (sete metas)
⦁ Igualdade de gênero (seis metas)
⦁ Água e saneamento (seis metas)
⦁ Energia limpa e acessível (três metas)
⦁ Trabalho decente e crescimento econômico (dez metas)
⦁ Inovação da infraestrutura (cinco metas)
⦁ Menos desigualdade (sete metas)
⦁ Cidades e comunidades sustentáveis (sete metas)
⦁ Consumo e produção responsáveis. (oito metas)
⦁ Ação contra mudanças climáticas (três metas)
⦁ Vida nas águas (sete metas)
⦁ Vida terrestre (nove metas)
⦁ Paz, justiça e instituições (dez metas)
⦁ Parcerias para implementação até 2030 (dezenove metas).

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Existem ainda outros métodos como o GRI, e uma tendência de unificação de padrões nos próximos anos. A regulação do mercado internacional de carbono, por exemplo, é prevista para a COP 27, que pode ocorrer ainda em 2022.

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Há diferenças sutis em detalhes. Enquanto um relatório ESG é voltado para investidores, um relatório de sustentabilidade é voltado para a comunidade em geral. As nuances, como entre o olhar setorizado e outro do panorama “fora da caixa”, podem ser vistas de maneira integrada na busca de inovações tecnológicas ou nas práticas.

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O “botão triplo” do ambiental, do social e do econômico nunca esteve tão atual e necessário. Isso pode ser visto em casos como o Pacto Ecológico, da União Europeia, ou o Green Deal, dos Estados Unidos. Mas é nos grandes fundos que vem ganhando tração. Na ponta, um rumo de interesse para toda a sociedade local, nacional e mundial.

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Acionar esse rumo, com êxito crescente e progressivo, requer o envolvimento de colaboradores, fornecedores e comunidade. A motivação depende do sentimento de todos fazerem parte do processo – e deve ser transmitida em linguagem compreensível como estímulo a serem protagonistas de mudanças da ação sobre o clima, a biodiversidade e o futuro da humanidade.

José Arnaldo de Oliveira – sincronic.jao@gmail.com
Patrícia Polli – ecojapi@bol.com.br

 

 

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