“A mãe de todos os pecados é a falta de igualdade”
Por Kelly Galbieri
Li esta frase e não consegui passar incólume. É exatamente isso. O mal do mundo é a falta de igualdade.
Estou lendo um livro da Dra. Edith Modesto, “Mãe sempre sabe?”, que fala sobre a realidade vivida pelos filhos LGBTs. O que passam as crianças e os jovens quando se descobrem “diferentes” da maioria e o que fazem seus pais, como se sentem. Claro que estamos falando da realidade brasileira, mas não é tão diferente dos outros países. A cada estudo feito, notamos que é uma realidade mundial. Quando deixamos de ser iguais, sofremos algum tipo de violência.
Alguns países podem servir de exemplo a nós brasileiros, mas alguns são ainda bem piores. Basta pensarmos na dura realidade que vive a Venezuela nos dias de hoje. Enquanto a fronteira é fechada e mantimentos são incendiados, algumas pessoas têm, certamente, suas mesas fartas. Eu custo a acreditar que estas pessoas consigam colocar suas cabeças nos travesseiros e dormir.
Mas vamos lá… pensando sobre essas minorias, classifiquei algumas que me fazem refletir sempre: população de rua, pessoas com HIV/AIDS, aquelas que vivem no sistema prisional, os refugiados, a comunidade LGBT e especialmente aquela parcela (a letra T) que faz uso de hormônios e também a comunidade negra.
Claro que tantas outras desigualdades existem, mas especialmente estas têm sido alvo de estudo por parte de um grupo formado por pessoas (inclusive eu) dispostas a mudar esta realidade.
Ora, será que é tão difícil pensar que todos nós nascemos livres e iguais?
Engraçado que as pessoas não conseguem enxergar que isso é exatamente Direitos Humanos. Esta busca pela igualdade, pela tolerância, pela livre crença e religião é aquilo que as pessoas têm medo de dizer “Direitos Humanos”.
Porque erroneamente se quis incutir na cabeça das pessoas que Direitos Humanos é direito dos bandidos, “dos manos”.
Na verdade, o que se busca é uma sociedade justa e livre, com suas responsabilidades e deveres, com trabalho e remuneração, com lazer e descanso, com cultura e autoria, com segurança social, com democracia e paz.
Assim não haverá desigualdade. E então tudo melhora: a segurança, a educação, a família.
Seria utopia? Creio que não.
Em 2005 visitei a Austrália e esta era a realidade naquele país. Como era diferente da nossa. O diretor da fábrica ganhava o mesmo salário do pedreiro da mesma fábrica. Então não havia furto ou roubo naquela cidade. Parece mentira, não? As pessoas podiam sair à noite sem medo, ficar na rua até tarde, andar sozinhas…
Ah meu Brasil… quem sabe…
Já sonho com isso para a nossa Jundiaí., que é bem menorzinha. Por isso talvez a frase inicial tenha me causado tamanho impacto.
Kelly Galbieri é advogada e assessora de Políticas para Diversidade Sexual na Prefeitura de Jundiaí