
Tempos difíceis
Quinze ou vinte minutos que mudaram a paisagem de Jundiaí
Cláudia Bergamasco
Muito seco, poeira demais, tempo maluco. Muito sol, quase nada de chuva e, do nada, tchumba! Uma tromba d’água que já começou lançando granizo. O gelo foi tanto e tão grande que pareciam bolas de pingue-pongue caindo do céu. Atingiu tudo com violência. Plantas, árvores, vidraças, telhados. Nossas cabeças. Meu jardim ficou parecendo uma renda velha com árvores e arbustos rasgados como que por um milhão de sabres descontrolados empunhados pela Mãe Natureza.
Doideira. O mundo anda desalinhado, exarcebado, obtuso. O ser humano idem. Um medo bate e vem lá do fundo do meu coração. O que será de nós? Teremos tempo para frear a desintegração?
Sei não.
Tudo tem passado tão rápido que a gente nem percebe a passagem do tempo. Vivemos no escuro e, quando a gente se dá conta, já foi, já era, já passou e você não fez o que devia.
Tempo perdido não se recupera.
O que nos sobra?
Sei não.
Talvez se a gente olhar para nossa gente, para nós mesmos, para quem nos cerca, para a nossa casa chamada Planeta Terra, sejamos mais gentis e solidários.
Talvez a Natureza ganhe de nós, mas talvez, antes disso, a gente se dê conta que cada um de nós enfrenta sua batalha todos os dias e todos os dias precisamos olhar para o outro e respeitar suas dores, sua natureza. E a Natureza, que sempre nos surpreenderá. De que forma? Depende de nós também.
Cláudia Bergamasco é jornalista e escritora