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 Censura, Caixa, Centrão e Jundiaí bode expiatório
26 de outubro de 2023

Censura, Caixa, Centrão e Jundiaí bode expiatório

Marília Scarabello virou notícia nacional por conta da censura à exposição “O Grito!”, que estava em cartaz na Caixa Cultural de Brasília desde a última terça (17). Cancelada nesta quarta (26), a mostra trazia a obra “Coleção Bandeira”, com imagens, entre outras, de Arthur Lira na lata de lixo.

A jundiaiense serviu de bode expiatório para o Centrão conseguir “a cabeça” da presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano. E bastou ela ser substituída por Carlos Antônio Vieira Fernandes, aliado do presidente da Câmara dos Deputados, para que o Governo Lula conseguisse aprovação de projeto de taxação das offshores e de fundos dos super-ricos em votação que vinha sendo adiada e tida como essencial para o Brasil atingir a meta fiscal em 2024.

Para Marília sobrou lamentação: “Estou sendo agredida e desqualificada nas redes sociais”.

“O Grito!” faz críticas também ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a antigos integrantes de seu primeiro escalão, como a senadora e ex-ministra Damares Alves e o ex-ministro da Economia Paulo Guedes. Esses dois últimos estão na lata de lixo envolvida com as cores da bandeira junto com Lira.

Essa mostra com trabalhos de sete artistas deveria ocorrer até o dia 17 de dezembro e foi pensada para refletir sobre os 200 anos de Independência do Brasil. Mas no meio do caminho acabou gerando repúdio entre parlamentares da oposição por contar com patrocínio do banco. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) protocolou um requerimento de convocação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para ele prestar esclarecimentos sobre o financiamento do evento. A repercussão fez a Caixa cancelar a exposição. Mas não foi o suficiente para acalmar Lira e companhia…

Vale lembrar que em agosto, a Caixa anunciou um investimento de R$ 30 milhões para incentivo à cultura com 132 projetos de teatro, dança, música, cinema, artes visuais e vivências, que receberam, em média, R$ 227 mil – um deles “O Grito!”.

A “Coleção Bandeira”, de Marilia, que é arquiteta e tem mestrado em artes visuais pela Unicamp e especialização em cenografia teatral, reúne uma série de colagens com a bandeira do Brasil e que foram publicadas em suas redes sociais de 2016 para cá. Uma delas foi interpretada como sendo Bolsonaro defecando sobre esse símbolo nacional.

Para a jornalista Mônica Bérgamo, do “Painel” da “Folha de S. Paulo”, Marília contou: “As pessoas xingam, ameaçam. Entrei no olho do furacão, mergulhei em um verdadeiro inferno por uma narrativa falsa sobre o meu trabalho. Eu percebi que as pessoas pegavam a bandeira do Brasil e manipulavam, inseriam frases no lugar de ‘Ordem e Progresso’, fotografias, charges, desenhos, colagens, para se manifestar. Me interessei por aquelas manifestações, por aquelas vozes falando todas ao mesmo tempo, e que muitas vezes estão em conflito, mas que convivem em um Estado Democrático de Direito como é o Brasil”, disse.

Ela prosseguiu: “Comecei a colocar as imagens no Instagram e, em pouco tempo, foram mais de 2 mil. As pessoas passaram a me enviar outras imagens. Assim é uma colcha de retalhos. Há manifestações pró-aborto, contra o aborto, pró-Bolsonaro, contra o Bolsonaro, contra o Lula, a favor do Lula. Meu trabalho é quase o de um colecionista. Eu não fabrico as imagens que estão lá. Tem um olhar para manifestações múltiplas de uma população múltipla. Ela mostra o que está acontecendo no Brasil, porque tudo o que acontece vai parar na nossa bandeira, que as pessoas usam para protestar”.

Marília, que mora em Jundiaí e é filha de Edna e Sinésio Scarabello Filho, gestor de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, disse ao “Painel” que não imaginava que seu trabalho causaria o fim da exposição. Ela explicou: “Uma pessoa visitou a mostra e filmou as imagens de bandeiras que, de alguma forma, a ofendiam. E criou uma narrativa que não corresponde ao que era o todo”.

Já a Caixa informou que a obra “Coleção Bandeira” foi identificada como uma manifestação com viés político-partidário e por isso o cancelamento da mostra, que feria as diretrizes do programa.

A jundiaiense tem como último trabalho apresentado na cidade a cenografia da peça-filme “Casa Limpa, Marido Sujo”. Ela já expôs em individual na Galeria Fernanda Perracini Milani, dentro do Teatro Polytheama, e no Solar do Barão,  assim como em diferentes coletivas em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Seu trabalho ganhou espaço na galeria The House of Arts, em Miami (EUA), em 2022. Marília teve imagem selecionada pelo The Covid Art Museum, durante a pandemia.

Fotos: Arquivo JundiAqui e reprodução “Poder360”

 

 

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One thought on “Censura, Caixa, Centrão e Jundiaí bode expiatório

Márcio Leal Gonçalvessays:

É ridículo o argumento para o cancelamento da exposição. A arte é política por essência! Será que agora a Caixa vai começar a ler as letras de músicas e os roteiros de peças de teatro para avaliar se tem viés político? Acho que isso chamam de censura, não? Povo do Dops tá batendo palmas!

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