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Jundiaqui

 “Frankenstein” brilha no palco do Sesc ao clamar por responsabilidade
18 de fevereiro de 2019

“Frankenstein” brilha no palco do Sesc ao clamar por responsabilidade

Juliana Galdino dá show de interpretação em texto brilhante de Sérgio Roveri

José Arnaldo de Oliveira

No palco, o figurino e a maquiagem pesados nos deixam em dúvida sobre quem é a criatura em cena. A voz, quase incompreensível no começo, vai aos poucos revelando sua origem como uma montagem de partes de pessoas mortas na guerra. O diálogo, às vezes travado com outras tonalidades de voz, vai nos levando aos poucos de lugares destruídos na Síria para a viagem comum a outros refugiados em busca do seu criador, um cientista da Áustria. E a um fim trágico, marcado por uma música acelerada.

“Frankenstein”, um espetáculo exibido no teatro do Sesc Jundiaí em 16 de fevereiro, é toda a essência da melhor arte contemporânea. Com direção de Roberto Alvim, do Club Noir, exige uma concentração total da premiada atriz Juliana Galdino desde algumas horas antes com a caracterização do personagem e, depois, com a condução do público por uma viagem que parece real ao interagir com a iluminação e a sonoplastia, inclusive da própria voz.

Já o roteiro adaptado de Sérgio Roveri, destaque na dramaturgia, coloca o clássico de Mary Shelley nos tempos atuais de uma maneira que permite a fruição da história em si mesma e, ao mesmo tempo, com camadas adicionais de significado. Tanto a história das relações internacionais como a ética da ciência, da economia ou da política podem ser usados para outras reflexões sobre a peça teatral.

Longe de um monstro, Frankenstein é no espetáculo uma criatura que lembra à civilização que não gerou apenas resultados de orgulho – mas também problemas sobre os quais precisa agir de maneira responsável ou se voltarão contra si. No caso, “monstros” são a interpretação de Juliana Galdino, o roteiro de Sérgio Roveri e a direção de Roberto Alvim que demonstram a singularidade do teatro como uma forma diferente das demais artes na capacidade de expressão e de impacto.

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