mais uma vez
Por José Renato Forner
acordou depois de uma noite estranha. pesadelos que não lembrava.
sete passos até o banheiro, olhou-se no espelho.
mas o outro dele não estava lá.
de novo teria que recomeçar.
o nascimento do corpo outra vez.
mais uma vez o esforço para a construção e depois, e com mais esforço, a invenção de sentido para aquela massa.
era assim todos os dias.
reconstruindo ilusões
prostrando igrejas
vagando bares
de sorriso largo alcançando hipocrisias
brindando o enfadonho mistério.
as manhãs cheiravam crisântemo pra ele.
José Renato Forner é ator e poeta