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Jundiaqui

 “Maria e seus Pacotes” fecha 2023
29 de dezembro de 2023

“Maria e seus Pacotes” fecha 2023

O último espetáculo do ano no Centro das Artes Prefeito Pedro Fávaro foi “Maria e os Pacotes”, autoria de Marcos César Duarte, com José Renato Forner em uma interpretação forte e vibrante.

O ator teve a seu lado o pianista Jeff Gross, que conseguiu transformar em música a poesia cênica do abandono que o monólogo trata.

Já são 17 anos de apresentações pontuais sobre essa lenda urbana de Jundiaí, provavelmente a primeira a ter na plateia cegos e surdos – a Sala Glória Rocha oferece áudio descrição e conta com tradução para Libras – na noite do sábado (23) feita por Fabiana Magoga.

Estiveram lá Mário Rebouças, que já dirigiu Forner neste mesmo monólogo, Carlos Pasqualin, que criou o figurino, e a cenógrafa Juliana Fernandes. Registro para as presenças dos atores Julio Machado e Uli Vertuan na plateia.

ENTROSAMENTO

Ninguém mais do que José Renato Forner sentiu na pele o que é ser a Maria dos Pacotes nos palcos. O ator já interpretou essa personagem uma dezena de vezes e garante que as emoções são sempre novas, diferentes, marcantes. Um diferencial de Forner é que esse deslumbramento pelo mito das ruas vem de antes do falecimento dela. Em 2005, ele foi visitar a moradora da Pensão XV na época em que ensaiava para estrear “Maria e os Pacotes”, o que aconteceu em 2006.

O monólogo começou a ser imaginado para mostrar não só a andarilha como também dois outros seres das ruas, um que vivia na Avenida 9 de Julho exibindo um girassol gigante, o Natal, e um pastor que pregava a palavra de Deus aos berros na praça central. Mas aquela visita mudou os rumos e Maria dos Pacotes se tornou única no foco.

“Espetáculos como monólogos têm vida curta em Jundiaí. Ensaiamos muito e apresentamos pouco, mas com ‘Maria e os Pacotes’ é diferente, todo ano acaba ressuscitado”, explica o ator. “Cada vez com reformulação em diferentes aspectos, mas sem perder a essência que é a poesia”.

Já Marcos César Duarte conheceu Maria dos Pacotes nas ruas do Centro. Ele trabalhou na Livraria Dom Quixote e comumente a via pelas ruas Marechal Deodoro da Fonseca ou Padroeira. “Não era uma pedinte no padrão de hoje, era diferente. Cobrava a gente com os olhos azuis que me fascinavam”.

O dramaturgo e que é dono da Revistaria do Maxi Shopping, diz que “a Maria dos Pacotes foi uma loucura coletiva, uma criação de uma cidade, das pessoas que cruzavam com ela e até das que só ouviram falar e reverberaram isso”. Em seu monólogo ele reúne todo tipo de lenda sobre ela para traçar uma personagem que é única na história de nossa cidade.

Eis um trechinho: “Procuro seu beijo nas pontas de cigarro que acho na sarjeta. Seu cheiro de cigarro depois do café no balcão da padaria. Uma rua do centro. Na cidade. A noite das prostitutas que no mesmo balcão tomam duas doses de álcool para desinfetar o gosto do beijo alheio que pagou pelo prazer sem banho, com mau hálito. Seu beijo. Procuro seu beijo nas pontas de cigarro que encontro na sarjeta”.

 

 

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