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Jundiaqui

 Vardilão, o amigo do samba, em histórias e fotos do nosso Carnaval
16 de fevereiro de 2021

Vardilão, o amigo do samba, em histórias e fotos do nosso Carnaval

São sessenta anos entre escolas de samba, clubes, blocos e no comando da bandinha

Edu Cerioni

Valdir Fregni, o Vardilão, 77 anos, tem uma trajetória inconfundível no Carnaval de Jundiaí. Está na história de ao menos sete escolas de samba, ajudou a criar os concorridos carnavais da Esportiva e é presença constante com a Bandinha Amigos do Samba no Continuamos na Nossa e, especialmente, no tradicional Refogado do Sandi.

Se conta nos dedos de uma mão os presentes nos 26 desfiles do Refogado, desde 1994 e até 2020 (agora em 2021 foi suspenso por conta da pandemia do novo coronavírus), sendo esse ex-metalúrgico que foi halterofilista de respeito um deles.

“Comecei aos 17 e nunca mais fiquei longe da folia, esse vírus me contagiou”, brinca Vardilão. A maioria dos carnavais teve a seu lado a esposa Diva, também de 77 anos. Os dois guardam preciosidades que ninguém tem na casa da avenida 14 de Dezembro, um verdadeiro baú de parte da história de nossa cidade, a parte mais alegre, fantasiada e bonita na visão de muita gente como eu.

Recortes de jornais, fotografias, impressos com convites de festas e letras de samba e outros guardados nos levam a uma viagem no túnel do tempo do Carnaval. Tem um outro baú das romarias, que pretendo ver em maio, como combinamos.

Vardilão desfilou pela Escola de Samba Pitangueiras, do bairro Vianelo em que mora, Vila Helena, Além Viaduto, Juventus, 28 de Setembro, Eldorado e União da Vila. Com a Eldorado foram dez títulos em 13 anos, um deles hors concours. “A secretária Penha [Maria Camunhas], da Cultura, chamou a gente lá e disse: ‘Vocês precisam dar chance aos outros, senão vai acabar’. E assim foi, mas logo também a Eldorado parou, a falta de concorrência desestimulou”.

A Pitangueiras, recorda, “tinha uma pegada humorística que não se via e não se vê. Eram só palhaços e palhaças, muita cor, vibração que dá saudade”. “Já a Eldorado era rigor nos detalhes, na preparação, um trabalho de muita gente para dar brilho ao Carnaval da cidade e assim foi sua vida toda. Waldir [Xará] Silva, Jurinha da Antarctica [Jurandyr de Lacerda Barbosa], Valderez Ferreira, Jacyro Martinasso e tantos outros unidos pela Eldorado, isso é inesquecível”.

A Eldorado viveu de 1984 a 1997. A despedida foi na avenida 9 de Julho, com o enredo “Grande Circo”. Essa mesma avenida que teve Vardilão desfilando em sua inauguração com a Pitangueiras.

Também inesquecível foi a roupa que usou no desfile de 1968, quando foi todo de branco em tecido do vestido de noiva de Diva.

Na União da Vila foram seus dois últimos anos de “Carnaval oficial”. Era da harmonia. Na Eldorado foi diretor social e presidente, sempre o responsável pelo barracão. Antes, ia na bateria com um surdão com tambor de carbureto que poucos se atreveriam a carregar.

Já os blocos ele curtia de cima do trio-elétrico ou no chão sempre com a  bandinha Amigos do Samba. Ela foi contratada para tocar desde 1994, quando ainda era chamada de Bandinha Sãojoanense.

Conta com saudade que o “breque” em frente de A Paulicéia começou a pedido dos foliões e depois se tornou proposital para que os proprietários vendessem mais cervejas e dessem uma recompensa ao Refogado. Essa vinha na forma de um litro de uísque Old Eight, entregue pelas mãos do Ivan.

Vardilão não recorda o ano, mas conta essa história sensacional: “Uma vez, saímos dali tão altos que o Erazê quis entrar na loja Marisa abraçar umas meninas, mas tropeçou e caiu em cima da banca de sutiãs. Aí ele meio cabreiro me disse: ‘Pô Vardilão, acho que colocaram alguma coisa no meu copo’. E eu respondi: ‘Colocaram sim Erazê, colocaram uísque’. Foi só risada”.

O comandante da bandinha espera que ela seja chamada por Refogado e Continuamos na Nossa em 2022 e lembra que o repertório tem quase cem músicas, entre marchinhas, sambas, sambas-enredo e marchas-rancho. Cita nomes que passaram pelas diferentes formações, como Ari Antiquera, Brunholi, Bego, Rubão, Meio Quilo, Rubinho, Diogo Lucena, Jessi Oginebene, José Marques, João da Praia, Marcos Paiva, Waldemar da Silva e José Vitor, este último no seu querido surdão.

Vardilão está marcado também nos carnavais da Associação Esportiva Jundiaiense, que ajudou a lançar como diretor social, mesma função que se dedicou no Grêmio da Cia Paulista – até o final do mês ainda vamos contar a história destes dois clubes no Carnaval, afinal em fevereiro tem…

Guarda centenas de fotos das concorridas matinês e que ficavam expostas na Foto Luiz, no Centro, para que os foliões se encontrassem e encomendassem uma cópia maior. “Depois do Carnaval o Daraci Ravage, fotógrafo, me presenteava com as fotos numeradas, isso da Esportiva e da Eldorado, graças a ele tenho todas essas lembranças aqui”, diz sobre os álbuns que guarda com carinho.

Nestes álbuns se vê muitas fotos dele e Diva, assim como dos filhos Cláudia e Luiz Fernando, hoje coronel do Exército em Roraima. E vai virando páginas e apontando o Rei Momo Isaías, o deputado Randal Juliano, Romeu Zanini, Zé Amendoim… além de princesas e rainhas de diferentes épocas com detalhes de nome e onde trabalhavam.

Uma recordação especial que guarda fora do Carnaval foi ter ido com a Banda São João Batista, isso em 1998, para apresentação na Itália. Outra é ter conseguido o título de sócio da Esportiva graças a sua força. Representou o clube em disputa de levantamento de peso e brilhou.

Se orgulha de ir na Romaria da Vila Arens a Bom Jesus de Pirapora há mais tempo do que curte o Carnaval. Inclusive, recebeu homenagem do fundador Francisco Iotti por 50 anos consecutivos caminhando. Nos últimos 13 anos vai de carro em apoio aos romeiros. Outra boa recordação é ter batizado junto com Diva sete irmãos de uma só vez, todos moradores aos pés da Serra do Japi.

Foi metalúrgico por 40 anos, começando na Cia Mecânica e Importadora São Paulo, depois rebatizada para Sifco, na matrizaria e como líder da forjaria pesada. Os últimos cinco anos foram na Tusa II. Já aposentado sempre foi chamado como comissionado pelos governos do PSDB, inclusive no programa “Passaporte Cultural – Guardiões do Patrimônio” em que leva crianças para conhecer as instalações do Museu Ferroviário e do Complexo Fepasa. “Só o [Pedro] Bigardi não me chamou, mas foi quem mais deu trabalho para a nossa bandinha”.

Veja mais fotos do baú do Vardilão e da Diva:

Fotos: Acervo JundiAqui, de autoria de José Clóvis “Pardal” de Oliveira, Daraci Ravage e Edu Cerioni

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