Derrota de virada para Olímpia vai parar na polícia; jogador denunciou investida de apostador em outra partida

Em último lugar no Campeonato Paulista da Série A3, seriamente ameaçado de rebaixamento, o Paulista Futebol Clube, de história centenária, se vê em investigação pela polícia. A suspeita é de que ocorreu manipulação no resultado na derrota por 3 x 2 de virada para o Olímpia, no Estádio Jayme Cintra, em Jundiaí. Outro caso suspeito é o do jogo Barretos 0 x 4 Linense, quando o visitante teve dois pênaltis e um gol contra nos acréscimos. Ambos pela 12ª rodada, a que marcou a retomada depois da parada pela pandemia da Covid-19.

A suspeita ganhou destaque quando um jogador do Paulista registrou, na última sexta-feira (25), um Boletim de Ocorrência no 4º DP de Jundiaí, contra um homem que se apresentou como apostador e, segundo o atleta, lhe ofereceu R$ 5 mil para que fizesse gol contra na disputa diante do Desportivo Brasil, válido pela 13ª rodada da A3. Ele nem viajou com a delegação que obteve uma vitória em Porto Feliz, também por 3 a 2, com gol aos 45 minutos do segundo tempo.

O apostador disse ainda que o atleta poderia chamar outros jogadores de sua confiança, para garantir o resultado desejado. Em audio gravado, o homem fala: “Os caras são da sua confiança? E aí você só explica: tem uma situação, a gente tem que abrir as pernas no jogo, vai ter um apostador e vai repassar R$ 5 mil para cada um de nós”.

O caso foi ao encontro com a investigação realizada pela Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), para quem os apostadores sabiam que o Paulista venceria o primeiro tempo e o Olímpia sairia vencedor do jogo do dia 18 de setembro, o que na prática aconteceu.

Vale lembrar que a empresa SportRadar, parceira da Federação Paulista de Futebol, faz o monitoramento de sites de apostas e identifica padrões incomuns, geralmente relacionados a fraudes. Ela relata que foram feitas apostas somadas acima de 19 mil euros (aproximadamente R$ 123 mil) nesse jogo do Paulista com o Olímpia – contra a lógica, conforme descreve a companhia, 62% de todo esse valor foi apostado na opção em que o Paulista venceria o primeiro tempo, e o Olímpia o confronto. Entre os apostadores identificados, ao menos um já tinha sido marcado pela empresa por apostas irregulares.

Ao site “GE”, Rodrigo Alves, presidente do Paulista, afirmou desconhecer “qualquer tipo de situação” e defendeu a apuração das denúncias.

O apostador investigado pode responder criminalmente em artigos do Estatuto do Torcedor, com pena de reclusão de dois a seis anos e mais multa.