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Jundiaqui

 Uva Niagara Rosada Jundiahy avança para obter indicação geográfica
29 de maio de 2019

Uva Niagara Rosada Jundiahy avança para obter indicação geográfica

Com exclusividade, o JundiAqui acompanhou o 1º encontro para debater o processo de certificação de qualidade

Edu Cerioni

Pensou em Pamonha? Logo vem à cabeça Piracicaba. Queijo coalho? Serra da Canastra. Calçados? Franca. Uva Niagara Rosada? Jundiaí. O problema é que muita gente oferece essa uva plantada em outras cidades como se fosse genuinamente daqui e, o que é pior, nem sempre com o sabor esperado, a cor certa, o cheiro… Para mudar essa história, é que Jundiaí, onde a variedade nasceu em 1933, se mexe para conseguir a Indicação Geográfica Uva Niagara Rosada Jundiahy. “Esse será nosso selo de qualidade à mesa de todo o Brasil, que os outros não vão poder usar”, avisa Renê Tomasetto, presidente da Associação Agrícola de Jundiaí – AAJ.

Depois de 86 anos de sua descoberta, cerca de setenta produtores participaram do I Encontro Técnico de Indicação Geográfica da Uva Niagara Rosada Jundiahy, na quarta-feira (28), promovido em parceria da AAJ, Prefeitura de Jundiaí, IAC Frutas, Embrapa e outros que estão ajudando a desenvolver o caderno de especificações técnicas e apostando nesse signo distintivo da nossa uva. Um dia definido por Eduardo Alvarez, da Unidade de Gestão de Agronegócio, Abastecimento e Turismo, como “histórico”. O auditor fiscal do Ministério da Agricultura e responsável técnico pela Indicação Geográfica em São Paulo, o engenheiro agrônomo Francisco José Mitidieri foi quem perguntou ao público sobre Pamonha, queijo etc. E explicou: “Jundiaí também tem a sua notoriedade na uva de mesa e ela tem que ser garantida para o comprador. O caminho é este selo, uma proteção à qualidade do produto”. PADRONIZAÇÃO É DESAFIO

Mitidieri contou que na Europa existem mais de quatro mil indicações geográficas, de vinhos a macarrão, e que Jundiaí tem tudo para conseguir a sua, por unir três fatores: produtores, produto e localização. “Mas para alcançar o reconhecimento, há uma receita básica a ser seguida à risca, dizendo que a ‘uva famosa’ é produzida em um sistema assim, que o terreno foi preparado deste jeito, que ela tem essa cor, aquele perfume, que o cacho padrão é desta forma… Essa padronização é o desafio lançado.” Ele fez uma comparação do selo a um registro de marcas e patentes.

Com uma varinha de pescar na mão, quem apresentou o desenho do selo e deu a “receita” a ser seguida em projeção na parede do auditório do IAC, no Corrupira, foi José Luiz Hernandes, pesquisador científico do Centro de Frutas. O caderno técnico está bem avançado, mas ele avisou que não é definitivo: “Esperamos sugestões de vocês, os maiores interessados. Porque a associação vai registrar a marca no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), mas ela é de vocês, que terão que agarrar essa oportunidade de agregar valor ao que é produzido aqui”.

COMO ERA EM 1933

Zé Luiz lembrou que “agá e ípsilon” faziam parte do nome do município em 1933 e foi resgatado para que aquele mesmo território possa agora usar a denominação de Niagara Rosada Jundiahy, ou seja, as cidades que foram desmembradas e estão na nossa divisa. Além disso, a exigência é que faça parte do Circuito das Frutas. Assim, além de produtores de Jundiaí, vão poder usar o selo os de Itatiba, Itupeva, Jarinu, Louveira e Vinhedo.

Um dos pontos que precisam de mais debate é o do sistema de produção. Pelo caderno técnico atual, em espaldeira e em Y são aceitos, mas há quem queira a inclusão da latada. Também se discute se apenas a primeira safra, aquela colhida de novembro a março, terá o selo ou se a segunda também poderá usá-lo. Os detalhes passam ainda pelo tipo de “cavalo”, pela embalagem etc.

Uma exigência é que o viticultor faça um caderno de anotações para que tenha “memória”, isso significa que ficará mais fácil repetir o que acertou e corrigir o que deu errado em uma safra. A própria AAJ vai criar um banco de dados com todas essas informações. “Em seus 70 anos de atividades, a associação vive seu grande momento, aquele que o produtor sempre almejou”, diz Renê.Os produtores ouviram ainda que nem toda a sua produção terá que usar o selo, isso porque pode ser que parte dela não atenda as exigências. “Vamos acompanhar e garantir a qualidade, mas vocês têm que ser o principal fiscalizador para que o selo seja realmente de algo de alto padrão reconhecido pelo consumidor”, completa Zé Luiz.

Os envolvidos no trabalho de indicação geográfica asseguram que o homem do campo não terá mais gatos e o preço não vai mudar para o consumidor. Mas com o tempo o retorno será muito maior por conta da aceitação do mercado daquilo que tem qualidade certificada.

Veja fotos do encontro:

Fotos: Edu Cerioni

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