‘Coronavírus unicórnio’ vai ser um catalisador de mudanças
Marcelo Souza, diretor do CIESP Jundiaí, ajuda a pensar como o país vai reagir daqui em diante
José Arnaldo de Oliveira
As previsões, como diz o ditado, costumam ter falhas quando tratam do futuro. Mas no caso da 4ª Revolução Industrial vale ouvir Marcelo Souza, diretor do CIESP Jundiaí que foi pioneiro com a Fox na reciclagem de refrigeradores com destruição dos gases do efeito estufa.
Em artigo publicado na edição brasileira da “Harvard Business Review” ele afirmou que o coronavírus mostrou um crescimento tão exponencial como as chamadas empresas unicórnio e vai ser um catalisador de mudanças para uma nova realidade. Qual será é difícil dizer, mas há cenários.
A era das startups ganhará ainda mais força. Não existe setor econômico imune a uma transformação digital – e ele acredita que não haverá mais espaço para o “jeitinho” ou a famosa “gambiarra” – é necessário colocar esse tópico na pauta de estratégia. Senão, vejamos:
Varejo – O e-commerce, que já vinha ganhando escala minuto a minuto, deixa de ser uma segunda opção ou meramente base de consulta de preços. Espaços físicos serão substituídos pelas lojas conceito e de experimentação, hubs de “faça você mesmo”. As marcas migrarão mais rápido do que se imaginava para o online. Em vários países, as pessoas não consomem mais na loja, elas compram e vão embora. Por outro lado, uma redução de postos de trabalho faz o comércio tradicional encolher.
Mobilidade – O setor também sentirá radicalmente o impacto das mudanças. As viagens de negócios ou presença no escritório podem ser substituídas por videoconferências. Viagens de lazer tendem a acontecer em locais com a possibilidade de contato com a natureza e baixa concentração de pessoas. Isso levará a novas técnicas de liderança.
Educação – Está passando por uma quebra de paradigma. Os cursos online gerarão uma revolução sem precedentes na forma de se aprender. A geração de conteúdos de boa qualidade e de baixo custo pode fazer os cursos presenciais fortes na experiência, com a perda de importância da posse de um certificado e agências reguladoras como o MEC precisarão entender as novas necessidades para conteúdos necessários.
Operações – Deixaremos o estoque just in time e entra o just in case – longas cadeias de suprimentos tendem a ter estoques maiores e a impressão 3D um mercado promissor. A globalização será vista com um olhar mais protecionista pelas nações e, assim, teremos fortes mudanças nas relações políticas internacionais.
Saúde – Assim como a grande revolução nos sistemas de educação, na saúde não será diferente. Startups de setor estão com alta demanda de trabalho, plataformas de consulta e inteligência artificial para diagnóstico são apenas algumas das novidades. Em função da escalabilidade, consultas tendem a ficar mais baratas e ágeis. Mas na medida em que rastrear individualmente as pessoas é uma maneira eficaz no controle de epidemias, pode virar uma ferramenta muito poderosa a ser usada pelos governos. Pesquisas e sistemas de prevenção devem crescer.
Trabalho – Passará por intensa e profunda transformação, forçando pessoas empregadas atualmente a repensar suas carreiras e, até mesmo, sua futura profissão. A capacitação e reciclagem nos treinamentos serão contínuas.
Oportunidade – O momento não pode ser encarado como uma simples fase de cortar custos e esperar passar, mas como um marco dolorido de transição para investimentos estratégicos em novas áreas, novas tecnologias e modelos de negócio. As oportunidades serão criadas para as empresas que agirem rápido e tiverem consciência do que está acontecendo.
“O pós-Covid19 será um renascer. Não é possível prever exatamente como, mas devemos estar abertos e preparados para nos adaptar com agilidade a esse novo normal”, diz.
Uma palestra no tema acontece online neste dia 22 de julho – clique aqui.
