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 Elza Soares, talento e garra
4 de março de 2022

Elza Soares, talento e garra

Por Lucinha Andrade Gomes

Neste mês de março, temos o costume de homenagear as mulheres, em especial, no dia 8, que registra do Dia Internacional da Mulher. Optei, por escrever algumas linhas, para homenagear Conceição ou Elza Soares, a nossa musa musical, eleita a cantora brasileira do milênio pela Rádio BBC de Londres.

Confesso, antes de ler a biografia redigida de forma cativante por Zeca Camargo, eu apenas conhecia a sua inigualável voz e as narrativas construídas de forma machistas e preconceituosas. A verdade é que pouco sabia de Elza e nada sabia de Conceição. 

A leitura da vida de Conceição transportou-me para uma seara de miséria, no Rio de Janeiro, onde ela cresceu. Aos 12 (há discórdia ou 13?) ela foi forçada por seu pai a casar-se. Um casamento que reproduziu violência doméstica e sexual. Teve sete filhos com o marido, dois faleceram por desnutrição. Neste cenário desolador em que tudo faltava nos aspectos financeiros e nos afetivos, Elza driblava a realidade de Conceição e sonhava com a música, queria ser cantora. Aos 17 anos, já viúva, buscava oportunidades para apresentar-se em programas de calouros nas rádios, boates etc. Nesta década a profissão de cantora era totalmente desrespeitada, a sociedade olhava para estas mulheres de forma marginalizada.  

Elza tinha um mundo de adversidades contra ela, a própria sobrevivência, bem como a sobrevivência dos filhos, a cor e o sexo. Mulher, preta, pobre, cantora na década de 60 precisava de muita garra e talento para vencer. Neste redemoinho de adversidades, Elza apaixonou-se por Garrincha, uma paixão desenfreada por um ídolo do futebol casado com 8 filhos! A sociedade não perdoou, Elza viveu na pele a ira dos haters; obviamente sem rede social, os ataques eram localizados no Rio de janeiro. Elza amou profundamente e sofreu duras sanções, criticada pela sociedade conservadora, teve shows cancelados e foi hostilizada. Elza e Garrincha tiveram um filho, o “ Garrinchinha” que morreu em um acidente de carro. Conceição despiu-se de Elza e foi ao fundo do poço. 

Longe dos palcos, foi resgatada por Caetano Veloso! Salve, salve Caetano, e voltou a cantar e encantar infinitamente o Brasil até a sua partida.

 A história de Elza Soares é um retrato inspirador, onde o talento, a garra e o amor venceram todas as adversidades em especial a discriminação. A luta de outras Conceições prossegue… Viva a Elza Soares, o Brasil te agradece! 

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